Navegando como em Nova York
Para muita gente, os antes imprescindíveis telefones públicos (TPs) já estão superados. São pessoas que argumentam que “ninguém mais usa o TP”. Será mesmo? A resposta está na cidade de Nova York.
Desde 2016 a prefeitura de Nova York está instalando totens nos mesmos lugares onde funcionavam os tradicionais telefones públicos. Os totens têm telefones com acesso à internet gratuita num raio de 50 metros e dos quais é possível realizar chamadas gratuitas para dentro dos EUA, além de servirem de ponto de recarga de bateria de celular via porta USB.
No Brasil, até 2001 tínhamos a terceira maior planta de telefones públicos do mundo. Só que essa enorme rede foi sendo sucateada, chegando ao ponto da própria Anatel ir reduzindo a obrigação das operadoras em relação à implantação de TPs. Antes desse sucateamento deliberado, a meta era de 8 telefones por 1000 habitantes. Com a implantação do PGMU III, em 2012, a meta sofreu uma redução drástica, caindo para a metade. E o PGMU IV – aprovado em dezembro de 2018 – acaba com qualquer obrigação das operadoras em relação aos TPs, tanto na implantação quanto na manutenção.
Para o Instituto Telecom, qualquer debate sobre a banda larga deve ter como destaque o regime público. Neste há obrigações de estabelecer metas de universalização e qualidade e tarifas módicas, acessíveis ao poder de compra da população. Os telefones públicos devem ser tratados como uma possibilidade real de garantir o acesso à voz e à Internet.
Os TPs, prestados em regime público, devem ser uma plataforma alternativa de acesso à internet já que estes, sim, foram, são e podem ser uma ferramenta de universalização da voz e da banda larga no país.
Por que não copiar alternativas que dão certo, como essa de Nova York?
Instituto Telecom, Terça feira, 26 de fevereiro de 2019