A qualidade da voz sobre IP
A qualidade da voz sobre IP hoje está diretamente relacionada à arquitetura de rede e à conectividadeA busca constante por redução de custos é uma premissa básica de corporações de qualquer porte. A conta de telefone, em especial, sempre mereceu a atenção dos gestores, pois, ao mesmo tempo que representa uma das principais ferramentas de relacionamento da companhia com clientes e fornecedores, também é um grande fator que contribui para o aumento de custos, principalmente entre as pequenas e médias empresas.
Não é à toa que a tecnologia de voz sobre IP, ou simplesmente VoIP, vem proliferando nesse mercado. A baixa complexidade das soluções e a promessa de economia em relação à telefonia tradicional contribuem para que a adesão a esse tipo de sistema seja crescente. A boa notícia é que aquela impressão de que VoIP é uma tecnologia de qualidade inferior, na qual a voz fica picotada e chega com atraso (o chamado delay), está em grande parte superada.
“A qualidade da VoIP está diretamente relacionada à arquitetura da rede e à qualidade da conectividade contratada”, alerta o diretor da área de consultoria da PromonLogicalis, Luís Minoru Shibata. Ele chama a atenção para o fato de que a voz sobre IP não é um fim em si mesma. Ou seja, a tecnologia oferece muito mais que uma alternativa barata ao sistema tradicional de telefonia fixa. Uma série de ferramentas começa a ser integrada à VoIP, como mensagens instantâneas, videoconferência e mobilidade, conferindo ao sistema uma característica de verdadeira plataforma de comunicação.
E melhor ainda: a solução está disponível para pequenas e médias empresas a preços razoáveis, sem a necessidade de investimentos milionários em equipamentos de última geração. “Hoje, o universo de pequenas e médias empresas não precisa de recursos vultuosos para fazer uso das mesmas ferramentas disponíveis para as grandes corporações”, defende o gerente de marketing e negócios da divisão de produtividade e colaboração da Microsoft Brasil, Eduardo Campos de Oliveira.
O crescimento de soluções de VoIP entre empresas de menor porte não passou despercebido pela Microsoft. A empresa prepara o lançamento no Brasil de uma plataforma de comunicação e colaboração ao custo aproximado de 15 dólares por usuário. A Bussiness Productivity Online Standard Suite começa a ser testada no País em novembro, com lançamento comercial previsto para o primeiro trimestre de 2010. A solução integra correio eletrônico, mensagens instantâneas, áudio e videoconferência em uma única plataforma de acesso via web, ou seja, disponível em qualquer lugar e a partir de qualquer dispositivo que esteja conectado à internet. A voz sobre IP propriamente dita ainda não está integrada, mas Oliveira avisa que ela virá no futuro.
Os custos relativos aos serviços de voz são, sem sombra de dúvida, o principal motivo pelo qual as empresas recorrem às soluções de VoIP, em especial aquelas companhias com grande volume de chamadas interurbanas ou internacionais. Nestes casos, a economia pode chegar a 70% na comparação com a telefonia tradicional, segundo estimativas de consultores e fotnecedores.
Engana-se quem pensa que basta apenas baixar um software gratuito pela internet. No universo corporativo, mesmo que entre pequenas e médias empresas, a prática pode levar a uma total perda de controle dos registros das chamadas, sem contar no impacto sobre a rede de banda larga e desempenho das máquinas. “Nestes casos, as pessoas tendem a culpar a tecnologia, contribuindo para os mitos da má qualidade da VoIP”, afirma o gerente de vendas da Voitel, especializada na oferta de VoIP, Jefferson Bittencourt.
Ele destaca que cada projeto exige uma arquitetura de rede de acordo com as necessidades do cliente. “A maior parte dos problemas está ligada à infraestrutura, e não à tecnologia em si”, explica. Por conta disso, algumas recomendações são válidas na hora de implantar um sistema de voz sobre IP.
Cuidados com a rede
Em primeiro lugar preste atenção à largura de banda a ser contratada. Ela deve ser capaz de dar vazão ao tráfego de voz e dados da companhia. Bittencourt recomenda um mínimo de 32 kilobits por segundo (kbps) por linha de VoIP. A pegadinha é que isso deve ser dedicado, ou seja, exclusivo para cada linha. Como muitas vezes não há garantia de banda nos contratos assinados com os provedores de conectividade, o cliente recebe muito menos do que contratou e amarga um fraco desempenho que nada tem a ver com a tecnologia de VoIP.