TV Digital: Para adiar desligamento, TVs prometem 4G em SP e RJ em 2017

out 8, 2015 by

TV Digital: Para adiar desligamento, TVs prometem 4G em SP e RJ em 2017

As emissoras de televisão aproveitaram a presença da presidenta Dilma Rousseff e do ministro das Comunicações, André Figueiredo, na abertura do Congresso da Abert para apresentar sua própria ‘pauta-bomba’ para a TV Digital: adiar o cronograma do desligamento dos sinais analógicos por um ano, mas com a promessa de acesso mais rápido das operadoras de celular aos nacos da faixa de 700 MHz.

“Diante da contingência, uma reavaliação é necessária. Mas as teles não serão prejudicadas. Ao contrário”, defendeu o presidente da Abert, Daniel Slavieiro. A proposta da radiodifusão é, na prática, dividida em duas partes. A primeira, mais simples, envolve os mais de 5 mil municípios onde a faixa de 700 MHz, comprada pelas teles em leilão de 2014, está desocupada. Nessas cidades com menos de 100 mil habitantes, o desligamento seria adiado até a data limite de 2018.

A segunda parte se refere aos grandes centros urbanos, áreas de maior interesse de exploração do 4G em 700 MHz. Nelas, o desligamento seria adiado por um ano, ou um pouco menos. Pelas regras de transição, há 12 meses entre o desligamento analógico e a entrada das operações de 4G nessa faixa. A ideia é manter a entrada do 4G nas datas previstas, mas empurrar o desligamento para 90 dias antes disso, ou até menos.

São Paulo e Rio de Janeiro seriam igualmente adiadas, mas teriam um tratamento específico (como já têm). Nas duas metrópoles, a entrada do 4G só é prevista para um ano depois que todos os municípios dos respectivos estados estejam desligados – mesmo com o switch off em ambas previsto para 2016. Significa que o 4G em 700 MHz por lá só no fim de 2018 ou mesmo em 2019. As emissoras de tevê propõe que isso aconteça bem antes: em meados de 2017.

Antecipar a posse dos ativos mais cobiçados na transição é o principal ‘doce’ da proposta. Paralelamente, a ideia de adiar o desligamento de milhares de cidades também implica em um novo cronograma de distribuição de conversores digitais para as famílias mais pobres (as 13 milhões do Bolsa Família). A diluição dessa obrigação traria impacto financeiro à transição, uma conta que pode agradar as duas pontas, teles e tevês.

A transição tem R$ 3,6 bilhões, alocados no orçamento da EAD, a empresa formada pelas operadoras que venceram o leilão de 700 MHz e que é o braço operacional da migração digital. Nas contas da radiodifusão, cada conversor (os já contratados pela EAD) custa cerca de R$ 160. Com o kit de antena, cabo, filtro e a logística de distribuição, o custo unitário é de cerca de R$ 240. Multiplicado por 13 milhões, são cerca de R$ 3,2 bilhões.

Esticar a distribuição dos equipamentos teria impacto favorável nos custos (o quanto ainda é incógnita). Tranquiliza as teles de que o orçamento não vai ultrapassar o teto previsto e também garante que haverá recursos para os equipamentos de transmissão. Só não leva em conta o impacto nos planos de oferta de serviços pela TV interativa, mas isso é até aqui restrito às emissoras públicas (não exatamente o segmento mais contemplado no processo).

Adiar o desligamento também empurra as medidas de ‘desconforto’ para apressar os brasileiros a se prepararem, comprando um novo aparelho de TV ou um conversor. A ‘contingência’ é que essa preparação é baixa, conforme indicam as pesquisas contratadas pela EAD. Um novo levantamento vai indicar que talvez dois terços dos domicílios em Rio Verde (a primeira do cronograma) estão aptos a ver TV sem os sinais analógicos. Muito longe dos 93% exigidos.

Diante de números como esses, a EAD propôs a adoção de medidas de choque – tarja com aviso ocupando até 60% da tela, imagens sem som ou em preto e branco, e mesmo sem qualquer transmissão em horário nobre ou aos domingos. A proposta das TVs tenta adiar essas medidas, visto que no entender da radiodifusão elas devem ficar para quando o percentual estiver mais próximo da meta definida. Mas há quem ache que 93% é muito alto e não será atingido.

Luís Osvaldo Grossmann, Convergência Digital, Quarta-feira, 07 de Outubro de 2015

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  1. SUELENE

    ACHO QUE TUDO NO BRASIL E FEITO DE SEM UM DIALOGO E UM MINIMO DE RESPEITO COM O POVO,UMA CRISE ATRÁS DA OUTRA ,POVO INCONFORMADO COM A POLITICA INDO PELO RALO A BAIXO E TUDO AUMENTANDO.E A POPULAÇÃO SENDO OBRIGADA A COMPRAR UM CONVERSOR ,ANTENAS E ETC.GASTO QUE PARA MUITOS NÃO É NADA,MAS PARA O POVO QUE ASSALARIADO COM UM,DOIS OU TRÊS SALÁRIOS MÍNIMOS UM REAL QUE SAI É MUITO

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