Operadoras evangélicas vão se multiplicar no Brasil em 2017

jan 23, 2017 by

O público evangélico é fiel não apenas à sua religião mas aos produtos criados por seus pares e que tenham temática gospel. Trata-se de um nicho promissor para operadoras móveis virtuais (MVNOs, na sigla em inglês). Em 2015, surgiu a primeira delas: a Mais AD, dedicada especialmente aos fiéis do Ministério do Belém, a maior convenção da Assembleia de Deus, com 8 milhões de membros no Brasil inteiro e 2,4 mil igrejas somente no estado de São Paulo. Atualmente, a Mais AD tem operação restrita à capital paulista, onde conta com 12 mil assinantes, mas planeja a expansão para outros estados do País este ano, começando pelo Nordeste. Para isso, a empresa já conta com mais de 100 mil chips emitidos.

A Mais AD foi a primeira mas não será a única. Em setembro surgiu a Mais ADSA, focada no Ministério Santo Amaro, outra convenção da Assembleia de Deus que conta com 80 mil seguidores e está concentrada no estado de São Paulo. A Mais ADSA foi lançada em setembro do ano passado e já emitiu 6 mil chips. Em comum entre as duas há a Movttel, uma MVNE que tem contrato com a Vivo, da qual utiliza tanto a rede quanto todo o sistema de billing e de atendimento ao cliente, por meio de uma licença de operadora virtual credenciada. A Movttel já tem contrato com outras duas igrejas de grande porte, revela a sua CEO, Aline Storchi, em entrevista a Mobile Time. Uma delas será lançada no Carnaval e a outra, em algum momento deste ano.

Os planos oferecidos são pré-pagos e os preços praticados pelas operadoras virtuais da Movttel são exatamente os mesmos para qualquer cliente pré-pago da Vivo. A empresa e as igrejas ficam com uma parte da receita pelo uso dos minutos e pelas recargas, além da margem com a venda dos chips. Tanto as recargas quanto os chips são vendidos nas igrejas, mas os assinantes podem comprar créditos em qualquer ponto de recarga da Vivo, se preferirem.

Conteúdo e fidelidade

A grande vantagem desse nicho de mercado é a sua fidelidade, explica a executiva. “A nossa base de clientes tem um ARPU maior e um churn menor que a média do mercado, em função do comprometimento do nicho”, afirma. Para conquistar os assinantes, a Movttel desenvolve apps e serviços de valor adicionado (SVAs) com conteúdo sob medida para cada igreja. Através de focus groups, a empresa identifica que tipo de conteúdo cada operadora terá. “Estamos inventando um produto que todo mundo já tem: a linha celular. Como convencer alguém a migrar? Tem que ser competitivo, com afinidade com o nicho e apps exclusivos”, resume Storchi. A Movttel conta com um laboratório próprio para a produção de conteúdo exclusivo para as suas MVNOs. Entre os apps criados até agora há o Círculo de Oração, uma rede social para os fiéis, parecida com o Facebook, em que que se pode publicar testemunhos por voz, texto ou vídeo, e estes podem ser curtidos pelos outros usuários. Outro app é o Mais Conhecimento, um game com perguntas e respostas bíblicas em que se pode desafiar os amigos e acumular pontos – este foi desenvolvido em parceria com a Qranio. A maioria dos conteúdos são gratuitos: a sua produção faz parte do custo de lançamento de cada MVNO.

Outros nichos

A Movttel, contudo, não pretende restringir a sua atuação ao mercado gospel. A empresa está negociando o lançamento de MVNOs de clubes de futebol, instituições financeiras e até de grandes corporações que desejam controlar melhor seus gastos em telefonia móvel.

“Devemos fechar o ano com algo entre 250 e 300 mil assinantes. A Mais AD serviu de laboratório local para o nosso negócio”, explica a executiva.

Fernando Paiva, Mobile Time, 23 de janeiro de 2017

 

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