O fantástico mundo de Temer
Há termos que, repetidos à exaustão, parecem verdadeiros. Modernização, harmonia, trabalho, por exemplo, são massificados pela “grande mídia” como se fosse, uma combinação perfeita num mundo bom para todos.
Nada mais falso.
No dia 28 de abril ocorreu a maior greve geral já realizada no país. Mas, no noticiário da mídia, a greve virou sinônimo de violência, de ação de sindicalistas interessados em defender o imposto sindical e outras invencionices mirabolantes de uma mídia manipuladora e reacionária.
Isso coloca em evidência o fato de que o setor das (tele)comunicações é estratégico na luta tanto para garantir direitos como para aprofundar a democracia. E, portanto, não pode ficar relegado a um papel secundário como, infelizmente, ocorreu nos doze anos de governos democráticos.
No dia da greve geral ocorreu, também, a assembleia de acionistas da Oi. As contas da empresa, com um prejuízo de cerca de R$ 7 bilhões, foram aprovadas. E ainda foram alocados mais R$ 45 milhões para serem distribuídos à diretoria incompetente e incapaz. Elegeram para o Conselho de Administração, entre outros, os senhores Hélio Costa e Nelson Tanure. É muita bandalheira.
Ao mesmo tempo, continuam sendo encaminhados todos os procedimentos para a entrega de R$ 100 bilhões, em bens públicos, às três irmãs – Oi, Claro e Vivo. O único satélite brasileiro, cujo lançamento já foi adiado duas vezes, será mais um presente do governo golpista ao capital. Mais de 80% da capacidade satelital estão comprometidos com interesses opostos à universalização da banda larga.
E, nesse caso, tudo se combina. O setor de telecomunicações foi um dos que mais apoiou, e ainda apoia, o golpe. Com um alto nível de terceirização, utiliza o mesmo discurso do governo golpista na defesa da “modernização” das relações de trabalho e da ampla desregulamentação do mercado. Afirmam que, dessa forma, vão conseguir realizar mais investimentos e criar mais postos de trabalho. É verdade? Lógico que não.
Não temos dúvida de que tipo de sociedade as forças dirigentes capitalistas conservadoras estão querendo criar no Brasil. Menos sindicatos, menos direitos, exploração máxima. Impor um modelo no qual o capital não tenha nenhuma obrigação, desregulamentação exacerbada em todos os níveis.
Por tudo isso, temos que continuar resistindo e lutando pela redemocratização do país e das (tele)comunicações. Se o Fantástico Mundo de Bobby é apenas um desenho que idealiza um mundo perfeito, no fantástico mundo de Temer há a destruição de todas as aspirações de uma sociedade realmente democrática. Portanto, tem que ser derrotado. A fantasia mentirosa tem que dar lugar a um país real.
Instituto Telecom, Terça-feira, 2 de maio de 2017