A culpa é do Face!
Na quinta-feira, 11/4, ocorreu algo inédito. Um jogo de futebol de grande apelo popular (Flamengo x San José) não foi transmitido por nenhuma rede tradicional de televisão, nem aberta nem fechada. O jogo foi transmitido pelo Facebook.
Cada vez mais veremos isto se repetir. É o uso do streaming – uma tecnologia que envia informações multimídia por meio de transferência de dados, utilizando redes de computadores, especialmente a Internet. Mas, para que isso efetivamente ocorra, será necessária banda larga mais rápida e de qualidade.
Muitos comerciantes habituados a colocar televisores para transmitir jogos e atrair a clientela, ficaram surpreendidos com a novidade. Bares, clubes, restaurantes não sabiam o que responder para aqueles que cobravam a transmissão do jogo. “A culpa é do Face”, diziam alguns.
De certa forma, eles tinham razão. A plataforma da internet se sobrepôs ao que estamos acostumados a utilizar. Mas como nos adaptarmos a essa nova realidade?
Aqui entra a discussão sobre a universalização da banda larga. Assim como televisores estão em todas as casas do país, precisamos ter banda larga em todos os lares. Isto se chama universalização.
Estamos muito distantes de universalizar a banda larga em nosso país. Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), as desigualdades econômicas e regionais se aprofundam no mundo digital. Hoje, 39% dos lares brasileiros não têm acesso à internet. Enquanto 99% dos lares da classe A possuem acesso, apenas 30% das classes D/E têm banda larga em seus domicílios. Na área rural, somente 34% têm acesso. Na área urbana o percentual é de 65%. Ou seja, há muito ainda a ser feito e discutido em relação à política pública de banda larga para todos.
As redes de banda larga no Brasil estão basicamente concentradas na mão de três grupos: Oi, Claro e Vivo. O PLC 79, que está para ser votado no Senado Federal, coloca toda a infraestrutura de telecomunicações – que hoje constitui a grande maioria dos cabos, fibras, backbone, backhaul, centrais, sistemas de suporte -, no regime privado, ainda que sejam essenciais, reduzindo drasticamente a capacidade do Estado de estabelecer metas de universalização, tarifas e demais condições de prestação dos serviços adequados à realidade brasileira.
Ou lutamos contra o PLC 79 ou ficaremos sem ver o jogo de futebol, sem investimentos na medicina (telemedicina), na educação ou na segurança pública.
Instituto Telecom, Terça-feira, 16 de abril de 2019
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