A Oi e o Brasil de amanhã
Privatizado em 1998, o setor de telecomunicações é um exemplo do que acontecerá com o Brasil se o modelo defendido pelo governo golpista Temer prevalecer. Com o apoio total da mídia, o discurso de que a solução para os problemas brasileiros está na venda do que ainda restou das estatais, na abertura total ao mercado, campeia sem reservas. A bola da vez são os Correios.
Em 1998, o país abriu mão de ter uma política realmente pública que levasse em consideração os interesses nacionais. Cometeu-se o erro primário de estabelecer um modelo que vinculava a universalização à competição. Ou seja, toda força ao mercado. Passados quase 19 anos o que se vê é a concentração brutal dos serviços. O caos.
Os números de 2016 demonstram como os interesses exclusivos do mercado podem destruir uma empresa, a Oi, que já se intitulou a grande empresa nacional de telecomunicações.
- 11eceita líquida- em 2010 era de R$ 29,5 bilhões. Seis anos depois caiu para R$ 25,2 bilhões. Queda registrada na telefonia residencial, corporativa e na telefonia celular.
- Lucro líquido- em 2012 foi de R$ 1,8 bilhão. No ano passado, um prejuízo de R$ 7,1 bilhões.
- Caixa- em 2015 havia crescido para R$ 16,8 bilhões com a venda dos ativos da Portugal Telecom. Em 2016 caiu para R$ 7,8 bilhões.
- Investimento – em 2012 foram R$ 6,2 bilhões. Em 2016, não passou de R$ 4 bilhões. Uma queda de 35%.
Esses números referem-se a uma empresa que tem 34,3% da telefonia fixa, 24% da banda larga fixa, 17,3% do celular e 7% da televisão por assinatura de todo o Brasil. Uma empresa “responsável” pelas telecomunicações em 26 estados da federação.
A situação da Oi é desesperadora. Apesar disso, na semana passada, o presidente da Anatel disse que não vê, ainda, razões para intervenção na empresa. Segundo ele, a Oi está recuperando seus indicadores de qualidade. Uma empresa que teve um prejuízo de R$ 7 bilhões e uma dívida de mais de R$ 70 bilhões pode ser vista como em recuperação?
Lamentavelmente, a lógica que vale para a Oi é a mesma que vem sendo aplicada no país. Grupos sem nenhum compromisso com o crescimento e distribuição de renda tomaram de assalto o poder. Enquanto o país está indo para um grande buraco o governo/mídia dão a ideia de recuperação da economia. Como afirma Leonardo Boff, “no Brasil não se tem apenas o neoliberalismo, temos o neoliberalismo radical e reacionário”.
A saída é manter a resistência. Intervir na Oi e retirar os golpistas do poder são objetivos que se combinam. O Brasil não pode ser a Oi amanhã.
Instituto Telecom, Terça-feira, 11 de abril de 2017