A Oi está salva
Será mesmo? Os que tentam criar a falsa ideia de que a recuperação judicial resolveria todos os problemas da Oi, deveriam vir a público explicar as razões pelas quais o buraco de R$ 70 bilhões de reais no qual a operadora está metida a cada dia aumenta mais.
E por que a situação só piora? A resposta é simples: não há como resolver os problemas operacionais, administrativos, econômicos e financeiros se foram mantidos os mesmos administradores que levaram a empresa a esse estado de calamidade.
A administração da Oi é tão incompetente que conseguiu desmoralizar a afirmação feita pelo advogado Gaspar Vianna na antevéspera da privatização, em 1998, de que “uma empresa de telecomunicações é o melhor negócio do mundo, se bem administrado. E o segundo, o terceiro e quarto, se mal, péssima ou desastradamente administrado”.
Várias pessoas e grupos oportunistas ou abutres têm feito propostas para a compra da Oi. São empresários russos, egípcios, banqueiros, todos com um só interesse: especular e ganhar muito dinheiro com a operação, da mesma forma que, desde 1998, os acionistas da Oi se comportam. O objetivo é exclusivamente o lucro. Não para empresa ou para aumentar o investimento na rede e na operação, mas para rechear seus próprios bolsos.
Entretanto, sempre há uma possibilidade de salvação. E qual é a da Oi? São os R$ 80 bilhões que o governo federal quer dar de presente com a aprovação do PLC 79/16, aquele que transforma concessões em autorizações e garante aos que têm hoje a posse da Oi transformarem-se em seus donos.
Não interessa quanto isto vai custar ao erário, quanto vai penalizar a sociedade. Não interessa se a banda larga não será universalizada, não interessa se acabará a obrigação da Oi de garantir banda larga gratuita nas escolas até 2025, conforme estabelecidos nos contratos vigentes. Não interessa que isso represente um desastre para as telecomunicações e o desenvolvimento nacional, num setor que é mola mestra para o crescimento do país.
O Instituto Telecom entende que uma empresa responsável pelas telecomunicações em 26 estados da federação e que, junto com a Vivo e a Claro tem cerca de 80% da banda larga do país, deveria ter o seu destino discutido abertamente com toda a sociedade. Continuamos a defender a intervenção, instrumento previsto na Lei Geral de Telecomunicações. A salvação desta empresa não pode ser apenas um produto para dar lucro aos acionistas e especuladores.
Instituto Telecom, Terça-feira, 7 de fevereiro de 2017