Nossa Opinião – Capitalismo de desastre
Para a jornalista canadense Naomi Klein, que criou o termo, capitalismo de desastre é aquele que se aproveita do medo decorrente de situações de crise, de desastre – natural, político ou social – para obter lucros cada vez maiores.
No Brasil atual, esse capitalismo de desastre está sendo levado às últimas consequências. O governo golpista se utiliza do discurso do medo para tentar impor as suas “reformas” trabalhista e previdenciária. A ideia é incutir o medo nas pessoas de forma individual ou coletiva e, desta forma, garantir grandes vantagens para os interesses empresariais escusos.
Não é esse o discurso recorrente de Temer? Caso as medidas não sejam aprovadas a previdência pública acabará. Sem o corte de direitos trabalhistas, diga-se de passagem conquistados com muitas lutas, não haverá novos postos de trabalho.
Ora, já está provado que não há déficit na Previdência. E o que gera novos empregos é o crescimento da economia, e não a precarização das condições de trabalho. Mas as mentiras do governo são potencializadas por uma mídia capitaneada pela Rede Globo, que tem seus interesses representados pelos golpistas.
Nas telecomunicações, o discurso do capitalismo de desastre se encaixa através da necessidade de menos mercado, desregulamentação plena, entrega ao capital financeiro e especulativo do controle total sobre um setor essencial e estratégico, inviabilizando qualquer política soberana. Dizem, como forma de amedrontar a sociedade, que essa é a única possibilidade de que novos investimentos ocorram. Ou é isso ou o caos. Mentem descaradamente. Nesse sentido querem aprovar o PLC 79 (o projeto que dá R$ 100 bilhões em bens públicos para Oi, Vivo e Claro), e entregar o único satélite brasileiro, que ainda será lançado, impedindo qualquer política de universalização das telecomunicações e da banda larga.
Se queremos ter um país soberano, com crescimento, que fortaleça a previdência pública, preserve os direitos dos trabalhadores e a banda larga em regime público, com metas de universalização, qualidade e tarifas condizentes com as condições de pagamento da sociedade, temos que resistir.
Por isso, nos somamos a todos que irão realizar uma greve geral vitoriosa no próximo dia 28 de abril, sexta-feira.
Instituto Telecom, Terça-feira, 25 de abril de 2017