Com mais terceirização, você pagará a conta
O índice de terceirização nas atividades fins das empresas no Brasil, em particular no setor de telecomunicações, é muito alto. As consequências dessa situação são terríveis: as empresas não investem em capacitação da mão de obra, as condições de trabalho são péssimas e a qualidade dos serviços deixa muito a desejar.
Pois na semana passada o cada vez mais desmoralizado Supremo Tribunal Federal decidiu, por 7 a 4, que não há nenhuma ilegalidade na total terceirização dos serviços, incluindo as atividades fins.
A decisão do STF levará a uma maior precarização das condições de trabalho. As empresas de telecomunicações, que vivem num mundo de irregularidades, poderão agora legitimar trabalhos em atividades fins com salários e benefícios menores, jornada de trabalho maiores, condições de trabalho desastrosas. Quem pagará a conta? Os trabalhadores e os consumidores.
A Oi é um exemplo de descaso que poderá, agora, ter as suas mazelas legalizadas. Ela inventou, há alguns anos, uma empresa chamada Serede, que faz parte do seu grupo, mas trata os trabalhadores como mão de obra terceirizada. Trata-se de uma flagrante ilegalidade, uma vez que seus trabalhadores atuam na atividade fim da empresa. Com a posição do STF, como num passe de mágica, fica tudo legalizado.
Não há crise no setor de telecomunicações. Oi, TIM, Claro e Vivo dominam o setor com mais de 80% da banda larga brasileira e cerca de 95% da telefonia celular. Mas, há um alto nível de terceirização nas atividades fim. Para universalizar a banda larga no Brasil é necessário que esse serviço seja colocado em regime público e que a mão de obra seja capacitada e valorizada como um serviço dessa magnitude estratégica exige.
Instituto Telecom, Terça-feira, 4 de setembro de 2018
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