Oi, simples assim?

fev 11, 2019 by

A cada semana surge uma nova informação sobre a composição acionária da Oi. Agora é divulgado que o Fundo York, especulativo, com sede nas Ilhas Cayman, é dono de 12% da empresa.  O que dá a seguinte constituição acionária, além do York: Goldentree, 16%; os portugueses da Pharol, 5,51%; Solus, 3,38%. Outros “acionistas”, segundo o mercado, devem ser informados aos poucos. Os grandes especuladores eram detentores de bonds (representam títulos de dívida) vendidos nos EUA e na Europa.

Enquanto isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social – que em 2010 tinha 30% de participação por meio da subsidiária BNDESPar -, agora tem menos de 5% do total das ações ordinárias. Ou seja, não terá qualquer influência nas decisões da Oi, uma empresa estratégica, presente nos 27 estados da federação e que acumulou, de 2015 a 2017, uma receita líquida de R$75,18 bilhões e um EBITDA (grosso modo- lucro) de R$ 20,45 bilhões.

Desde a privatização a Oi tem sido tratada por seus acionistas de maneira meramente especulativa. Daí as aventuras. Em 2008 comprou a Brasil Telecom, apesar de não ter um centavo para investimentos mais arrojados. Em 2010, a fracassada parceria com a Portugal Telecom. Em 2015, por não ter dinheiro, ficou fora do leilão da frequência de 700 MHZ, comprada por outras grandes operadoras. Tudo isso levou a uma dívida de R$ 65 bilhões em 2016, quando entrou em recuperação judicial. Em 2018, houve a mágica – boa parte da dívida converteu-se em participação acionária dos grandes especuladores citados acima.

Houve e há ausência de uma política pública que resultasse, efetivamente, no fortalecimento de uma empresa nacional. Uma empresa que respeitasse seus mais de 100 mil trabalhadores diretos e indiretos; que desse prioridade aos interesses dos usuários e democratizasse a sua gestão. À União caberia reforçar as obrigações de metas de qualidade, universalização e tarifas módicas para a banda larga. Esses são caminhos que deveriam ser buscados. Lamentavelmente, parece que, mais uma vez, estão sendo deixados à margem.

Os especuladores financeiros americanos e portugueses agradecem. Simples assim.

Instituto Telecom, Terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

 

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