Testes com 5G da Verizon não são prematuros, diz Ericsson
O caminho para a quinta geração de redes móveis ganhou novos contornos quando a operadora norte-americana Verizon anunciou em setembro que pretende iniciar testes com a tecnologia já em 2016. No entanto, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) ainda não estabeleceu uma padronização, o que só deverá acontecer em 2019. Além disso, a iniciativa esbarra na questão do espectro, já que o alto throughput e a baixa latência previstos são expectativas para o 5G, o que gera a necessidade de grandes blocos de frequência. Mas o vice-presidente sênior e diretor da unidade de negócios de rádio da Ericsson, Arun Bansal, garante que o projeto não é prematuro.
Bansal argumenta que a operadora japonesa NTT Docomo já realiza testes com 5G, e que a iniciativa da Verizon tem objetivo mais amplo, já que poderá ajudar na distribuição de banda larga nos Estados Unidos para 9 milhões de residências via wireless, levando conexões sem a necessidade de infraestrutura ótica na última milha. A companhia faz o sistema de testes na parceria com a Verizon (as outras parceiras são Alcatel-Lucent, Cisco, Nokia, Qualcomm e Samsung), continuando trabalho que realizaram nas tecnologias anteriores.
Bansal diz que não se trata de iniciativas alternativas para acesso como as planejadas para países em desenvolvimento, como o fornecimento de banda Ka por satélite do Facebook e da Eutelsat, anunciada na segunda-feira, ou mesmo o projeto Loon, do Google, que leva balões à estratosfera para garantir conectividade a regiões distantes. “O serviço móvel já cobre 90% da população”, declara. “Em qualquer lugar tem essa cobertura, a conectividade não é o problema”, diz ele, referindo-se à situação dos EUA, obviamente.
Mas mesmo naquele País, o backhaul para apoiar o 5G precisará ser ainda mais robusto do que o atual para o LTE, e nem sempre há a alternativa de chegar com fibra até a estação radiobase (ERB). “Hoje o micro-ondas está evoluindo e vamos poder chegar a 10 Gbps”, explica. Além disso, crê que as diferentes aplicações da quinta geração, como Internet das Coisas (IoT) e carros conectados, promoverão a tecnologia de outra forma. “A diferença (em relação às gerações passadas) é que não é para conectar todo mundo, é para conectar todas as coisas”, declara. “O 5G ainda não é forte para o consumidor, mas é essencial para a indústria. Quem está impulsionando não são apenas os fornecedores e teles, mas o investidor”, explica.
Tecnologia
Para o executivo, ainda é cedo para prever quais frequências serão adotadas na nova tecnologia, até porque a conferência da UIT sobre espectro em novembro ainda não deverá bater o martelo para o 5G. O que se sabe é que, para atender aos requerimentos, será necessário, além do uso do padrão de múltiplas entradas e saídas (MIMO), grandes blocos em frequências altas. “As discussões estão sendo feitas no 3GPP, mas há (conversas) em 4 GHz; na Coreia há pré-trial; há a faixa entre 3,4 GHz e 3,8 GHz; e estamos falando em 4 GHz, 15 GHz… Então o sistema será capaz de chegar até 100 GHz. Mas é difícil dizer.” Da mesma forma, possíveis diferentes tipos de modulação ainda não foram definidos.
O certo, para Arun Bansal, é que a Ericsson e os demais fornecedores vão se empenhar para seguir o cronograma previsto. “Da mesma forma como fizemos com o 3G e o LTE, estamos comprometidos para o 5G em 2020 também”, concluiu.
Bruno do Amaral, Mobile Time, Terça-feira, 06 de Outubro de 2015