Todos contra a Globo na CONFECOM
As críticas aos setores empresariais que boicotaram o evento e, principalmente à Rede Globo, marcaram a abertura da 1ª Conferência Nacional de Comunicação na noite do dia 14/12, em Brasília.
Um dos mais vaiados pelos delegados dos movimentos sociais, que o acusam de ser o homem da Globo no Ministério e conivente com as empresas, foi o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Ele foi obrigado a encerrar o discurso rapidamente, pois era quase impossível entender o que dizia. Já os representantes do setor empresarial aplaudiram de pé assim que Costa encerrou o discurso.
Com a presença de mais de 1.500 delegados de todo o país, a Conferência vai discutir até sexta-feira, dia 17, propostas de políticas públicas para a comunicação, entre elas a criação de um novo marco regulatório, a universalização do acesso à banda larga e a aplicação da convergência tecnológica a serviço da democratização da informação.
Tarefa de todos
Recebido entusiasticamente pelos delegados, que cantaram o jingle das campanhas eleitorais (olê olê olê olá, Lula Lula) e ainda mandavam recados como “Lulinha, o povo te ama”, o presidente fez um longo discurso pontuando os avanços da comunicação nos últimos anos. Para ele, criar um novo modelo de comunicação para o país é uma tarefa muito complexa para ser resolvida só pelo governo, por poucos especialistas ou determinados setor. “É preciso a contribuição de todos, um debate franco e aberto”.
Lula também criticou as parcelas do setor empresarial que se recusaram a participar da Confecom. “Perderam uma ótima oportunidade de expor suas ideias. Lamento, mas cada um sabe onde lhe aperta o calo”. O presidente também destacou o fato de que, em seu governo, o país vive sob a mais absoluta liberdade de imprensa, lembrando que o povo sabe separar o joio do trigo e é um juiz severo contra quem não o trata com respeito. “O melhor remédio para a liberdade de imprensa é a própria liberdade de imprensa”, disse Lula.
O presidente considera que a Conferência vai contribuir para abrir e oxigenar o debate sobre as comunicações e sugeriu que os candidatos a presidência da República nas eleições de 2010 sejam convocados a se pronunciar sobre o tema. Ao encerrar o discurso formal, ele mostrou que estava atento aos pedidos dos delegados que perguntavam sobre a perseguição às rádios comunitárias. Lula disse que não se deve aceitar abusos, como de políticos tradicionais que requerem uma rádio comunitária para atuar em benefício próprio, mas que as associações comunitárias também devem se comportar com seriedade, buscando agir na legalidade, de acordo com as regras do Ministério das Comunicações.
A Conferência também homenageou o jornalista Daniel Herz, falecido em 2006, e um grande entusiasta da democratização da comunicação. O presidente do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Celso Schoroeder, disse que a Confecom é uma síntese das idéias de Herz. Dois filhos do jornalista receberam uma placa em sua homenagem. Foi exibido ainda um vídeo mostrando a luta de Herz pela redemocratização do país, durante a Constituinte e nos últimos 20 anos.