5 medidas que a VMware deve adotar para afastar a Microsoft

mar 3, 2010 by

VMwareConfira uma análise de ações que a empresa deve tomar para evitar perder espaço no mercado de virtualização.

Com 170 mil clientes, incluindo cada membro da lista da Fortune, você deve imaginar que a tarefa mais difícil da VMware é armazenar quantidade suficiente de papel para imprimir novos contratos. Mas o principal fornecedor de virtualização x86 do mercado está enfrentando um forte desafio imposto pela Microsoft, que vem seduzindo executivos com a tecnologia Hyper-V (uma alternativa que pode não ser tão sofisticada quanto à solução da VMware, mas é menos cara.

Este será um ano crucial para Microsoft e VMware na corrida pelo mercado de virtualização. Aqui está uma lista de cinco medidas que a VMware e seu CEO Paul Maritz (que foi executivo da Microsoft) adotar para  estar à frente de sua maior rival.

1. Cortar preços

Uma das principais reclamações de clientes e analistas sobre a VMware é que seus preços são muito altos. “Você vai gastar cinco vezes o custo da Microsoft”, questiona o analista da consultoria Burton Group, Chris Wolf. A VMware tem diferentes modelos de preços e o valor que cada cliente paga depende pesadamente da versão do software usada e de quantos servidores e cargas de trabalho são virtualizados. Segundo a tabela de preços do vSphere, o “VMware vSphere Advanced” custa 2,245 dólares para cada processador, permitindo até 12 núcleos e 256GB de memória.

O software de gerenciamento da VMware, conhecido como vCenter Server, custa 1.500 dólares por três hospedagens ou 5.000 dólares por hospedagens ilimitadas. Numerosos add-ons vendidos pela VMware podem elevar a conta do cliente significativamente. A VMware oferece uma versão gratuita do seu hypervisor, mas com funcionalidades limitadas.

A Microsoft oferece o Hyper-V, incluindo funções avançadas, como migração ao vivo para download grátis. Usuários que planejam grandes projetos de virtualização estão dispostos a comprar também ferramentas de gerenciamento e o gerenciador de máquina virtual da Microsoft custa 869 dólares por cada servidor físico.

A VMware argumenta que seu software pode ser mais barato do que o da Microsoft, porque a VMware atinge níveis mais altos de densidade da máquina virtual em cada servidor físico. A empresa também oferece uma versão de seu hypervisor para pequenas empresas cujo preço começa em 166 dólares por CPU, informa o vice-presidente de marketing de produtos, Bogomil Balkansky. “O que temos feito ao longo do tempo é realmente esticar a gama de recursos que oferecemos e prover diferentes preços”, diz. “Até agora, acreditamos estar atendendo às necessidades dos diferentes segmentos de mercado que tentamos atingir. Não temos planos para ajustar preços agora”.

Poucos observadores diriam que a tecnologia de virtualização da Microsoft é melhor que a da VMware atualmente, mas a Microsoft diminuiu a distância significativamente – e para alguns clientes isso pode ser o suficiente. Esta é a opinião de um dos usuários que trocou a VMware pela Microsoft, o varejista de produtos eletrônicos nos EUA Crutchifield. O líder técnico para o grupo de sistemas corporativos da empresa, Roger Johnson, diz que custo foi o principal fator decisor na troca.

Ele afirma que a tecnologia da VMware é boa, mas que a insistência da empresa em cobrar preços significantemente mais altos do que competidores é reflexo de uma “mentalidade egoísta”. Crutchfield usava VMware em 2008, mas substituiu sua tecnologia de virtualização completamente pelo Hyper-V e agora roda 225 máquinas virtuais Hyper-V virtual em 11 servidores. O investimento total em Hyper-V soma 10.000 dólares, mas o custo seria pelo menos três vezes maior com a solução da VMware, estima o executivo.

Johnson é um ex-funcionário da Microsoft, então ele pode não ser um usuário imparcial. Mas mesmo o CIO da universidade de Westminster, no Missouri (EUA), Scott Lowe, que é cliente da VMware, pensa que é hora da fornecedora reduzir preços. Como uma instituição educacional, a universidade de Westminster tem desconto na solução da VMware, mas “o licenciamento ainda é caro”, diz Lowe. “Acho que a VMware terá de repensar os custos da solução mais cedo ou mais tarde para se manter competitiva com a Microsoft”.

2. Aumentar a segurança

À medida que mais data centers aderem à virtualização, hackers olham de forma mais cuidadosa para hypervisors, com o objetivo de identificar vulnerabilidades. Hypervisors ainda não se tornaram o ponto central de ataques, mas em uma entrevista recente, o analista da consultoria Forrester Research, James Staten, disse esperar que eles se tornem um grande alvo no próximo ano. “Como vimos acontecer com outras tecnologias, quando elas se tornam quase onipresentes no mercado é que os hackers vão atrás delas”, observa Staten.

A VMware colocou seu hypervisor sob um pacote de software de 32MB com 200 mil linhas de código, apresentando uma superfície de ataques para hackers relativamente pequena. A companhia também anunciou há dois anos um programa para abrir seu hypervisor para fornecedores de segurança com um conjunto de APIs, tornando mais fácil proteger máquinas virtuais, mas a VMware não se moveu rápido o suficiente para alguns analistas. Alguns fornecedores dizem que as APIs apresentam problemas de performance, o que torna difícil usá-las. “Não estamos usando as APIs da VMware devido ao desempenho”, afirma o gerente sênior de produtos da SourceFire, Richard Park.

A VMsafe tem sido adotada por fornecedores como Altor Networks, Reflex, IBM ISS e Trend Micro, logo, as preocupações da SourceFire não são universais. No entanto, existem problemas de segurança. No vSphere, a VMware lançou o que chama de zonas vShield, que permite aos usuários criarem zonas nas quais as políticas de segurança são aplicadas mesmo quando as máquinas virtuais são movidas de um servidor para outro. Mas este software não pode ser integrado ao produto de balanceamento de produtos da VMware, o Distributed Resource Scheduler, observa Wolf.

3. Vencer a guerra de desktops

Virtualização de desktops está nos planos de muitas grandes empresas, criando uma grande oportunidade de receita para a VMware e seus competidores. Citrix, uma forte parceira da Microsoft, está incentivando este mercado com o XenDesktop, que promete oferecer desktops em alta definição para quase todo tipo de equipamento.

A VMware deve ter vantagem neste mercado, pois muitos clientes já estão usando o hypervisor da empresa. Mas muitas companhias que utilizam a tecnologia de virtualização de servidores da VMware optaram pela solução da Citrix no desktop. De fato, muitos usuários de desktop virtual Citrix estão usando servidores ESX da VMware para hospedar os desktops.

Um dos últimos movimentos da VMware no campo de desktops foi atualizar o VMware View com o protocolo PC-over-IP (PCoIP), um sistema centrado em servidor criado para oferecer desktops virtuais de qualidade, mesmo para usuários que utilizam conexões com banda estreita. Mas a Citrix oferece desktops com alta definição com sua tecnologia HDX e a VMware está se esforçando para convencer os usuários de qeu seu PCoIP é a melhor alternativa.

Lowe está planejando adotar aq virtualização de desktops da VMware, mas está preocupando quanto à capacidade da VMware em entregar aplicações multimídia, incluindo Flash. Balkansky afirma que o PCoIP é um grande passo, mas não chega a dizer que ele faz o trabalho tão bem feito quanto a Citrix.  A VMware ainda trabalha para integrar o PCoIP a aceleradores WAN, acrescenta Wolf, bem como dar aos usuários mais opções para conectar os desktops. Por exemplo, alguns usuários de governo querem se conectar a um desktop usando apenas um browser, sem ter de instalar sofware em suas máquinas locais, mas deparam-se com barreiras.

4. Simplifique o gerenciamento

O diretor de redes da Universidade de Brandeis, no Massachusetts (EUA), John Turner, ama virtualização, mas fica confuso com alguns dos caprichos dessa tecnologia. Recentemente, usuários de máquinas virtuais experimentaram uma grande lentidão, e a equipe de Turner não conseguia identificar o que estava havendo. Todos os sistemas Windows rodando em máquinas virtuais da VMware estavam programados para receber atualizações ao mesmo tempo, mas as ferramentas de gerenciamento da VMware não deram um alerta de que isso ocorreria ou que poderia causar impacto sobre armazenamento e outros sistemas.

O problema, segundo Turner, é que a VMware torna fácil criar máquinas virtuais em grandes quantidades – uma função chamada de “VM sprawl” -, mas não é fácil diagnosticar potenciais problemas de performance antes que eles ocorram. Não é que a VMware não ofereça ferramentas para que o diagnóstico seja feito, mas elas só são boas se você é um expert, diz o executivo. ” Além disso, a VMware precisa impedir você de crescer até este ponto, ou devem oferecer ferramentas que possibilitem um diagnóstico de forma muito simples para ajudar você a entender o que está havendo”, completa.

Se a Microsoft e a Citrix crescerem significantemente em popularidade, a VMware deverá também ser forçada a gerenciar múltiplos hypervisors. Até agora, a VMware insistiu que a Microsoft e a Citrix não são tão usadas pelo mercado a ponto de justificar os gastos com a adaptação de suas ferramentas de gerenciamento para lidar com ambientes com múltiplos hypervisors.

O sistema de gerenciamento de máquians virtuais da Microsoft é capaz de gerenciar máquinas criadas pela plataforma de Hyper-V, da Microsoft, e pelo ESX hypervisor, da VMware. A Citrix também tem recursos de gerenciamento para seu XenServer e para o Hyper-V. Analistas avaliam que muitos data centers estão instalando múltiplos hypervisors, mais do que apenas a solução da VMware. Se esta tendência continuar, Microsoft e Citrix podem ser beneficiadas por oferecerem soluções que permitem o gerenciamento de múltiplas plataformas de virtualização.

A VMWare construiu uma longa lista de parceiros para fortalecer sua própria tecnologia, mas a Microsoft também fez o mesmo. Também é mais fácil fazer a comutação de cargas de trabalho do Citrix para o Hyper-V do que da solução da VMware para a plataforma de um competidor. “No quadro geral, a Microsoft está indo atrás da VMware com uma plataforma mais aberta, ouso dizer”, analisa Wolf.

5. Não super valorizar a nuvem

Quase todo fornecedor de TI está apostando na computação na nuvem, colocando a palavra “cloud” a qualquer produto que possa, remotamente, ser relacionado à cloud computing. A VMware tem feito algumas investidas nesta direção, chamando sua plataforma de virtualização de sistema operacional na nuvem. A VMware costumava chamar a si própria de “líder global em soluções de virtualização do desktop ao data center”, agora a empresa se denomina como “líder global de soluções de virtualização do desktop ao data center e à nuvem”. Esta apresentação aparece em toda primeira linha de cada comunicado divulgado à empresa pela VMware.

O marketing da VMware também foca em seu programa “vCloud”, que procura construir um grupo de parceiros que ofereçam serviços de cloud computing baseados em seu hypervisor. Ao incentivar serviços baseados na nuvem, a VMware se arrisca a perder de vista seu objetivo principal, que é ajudar os clientes na construção de seus data centers internos, avalia Wolf.

“Eles gastaram muito tempo falando sobre a nuvem pública, mas as corporações típicas de hoje em dia estão construindo uma nuvem privada e olhando para a automação interna da TI, numa ação oposta a colocar ativos corporativos na internet”, observa.

Para Balkansky, a VMware está tentando ajudar seus usuários a construírem nuvens internas que se conectem a nuvens públicas, mas ele afirma que a empresa ainda está mantendo o data center privado como seu foco principal. “Em primeiro lugar, nossa meta é ajudar os clientes na construção de nuvem privada”.

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