Os abutres da Oi e o caminhão de lixo

out 26, 2021 by

No dicionário, abutre significa: ave de rapina; nome comum a várias espécies de aves que se alimentam de animais mortos. Quem não sente compaixão; quem tira proveito da tragédia alheia. Desumano: pessoa que não se sensibiliza com o sofrimento humano. Usurário: quem é muito apegado ao dinheiro; pessoa avarenta.
E o que isso tem a ver com os atuais donos da Oi? Tudo. São cruéis, desumanos, usurários. São grupos de credores/especuladores de fundos americanos – fundos abutres (GoldenTree, York Global, Brokfield, Solus). E por que eles são abutres?
O termo “fundos abutres” serve para descrever uma entidade privada que compra ou adquire um título de dívida de uma empresa que não foi pago, ou seja, de uma empresa que está à beira da falência. As consequências da ação desses fundos em uma empresa podem ser gigantescas, tendo em vista que envolvem a movimentação de milhões, e até bilhões, em dinheiro. É o cenário da Oi desde 2018, quando os fundos abutres se tornaram donos da empresa.

1) Dívida: no final de 2017 a Oi tinha uma dívida de cerca de R$ 42 bilhões com os credores privados/abutres. Essa dívida foi quase toda transformada em controle acionário pelos fundos abutres. A dívida foi reduzida para cerca de R$ 7 bilhões. No entanto, a incompetência dessas verdadeiras aves de rapina fez com que a dívida voltasse a crescer e no segundo trimestre de 2021 já chegou a quase R$ 26 bilhões.

2) Liquidação: os donos da Oi venderam tudo. Prédios, torres, data centers, telefonia celular, sendo que a venda desta última está sendo questionada na Justiça. O móvel representou cerca de 45% da receita da operadora no primeiro trimestre de 2020.

3) Festa dos banqueiros: os abutres venderam para o BTG Pactual 57,9% da InfraCo (empresa de fibra ótica da Oi), a chamada V.Tal. Com esse cenário, os banqueiros realmente devem estar querendo salvar a Oi . Você acredita?

4) Arrasa o caixa: no primeiro trimestre de 2018 o caixa da Oi possuía R$ 6,2 bilhões. Em agosto de 2021, haviam R$ 2,8 bilhões. Cerca de R$ 4 bilhões queimados. Para onde foi todo este dinheiro? Para o bolso dos fundos abutres?

5) Demissões em massa: em 2020 foram 1000 trabalhadores demitidos. Em 2021, até aqui o número supera os 800 trabalhadores.
Na Serede (subsidiária da Oi), desde 2019 foram cerca de 8.000 demissões.
Massacre em plena pandemia. Os abutres são insaciáveis.

Esse é o quadro desolador da Oi. Prejuízos para a sociedade, para os trabalhadores. Só quem ganha são os abutres e seus aliados.

E o caminhão de lixo? É para lembrar as pessoas procurando alimentos dentro de um caminhão de lixo, no dia 28 de setembro, em Fortaleza. No Brasil, são 19 milhões de pessoas que acordam todo dia sem ter a certeza de que terão algo para comer.

Devemos nos indignar com os dois cenários. A destruição da Oi e a fome do povo. Não podemos naturalizar essas realidades. Devemos cobrar mais respeito dos donos da Oi e das autoridades governamentais.
Instituto Telecom, Terça-feira, 26 de outubro de 2021

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