Foco em inovação tecnológica diferencia empresa no mercado
O vulto da crise financeira global deixou empresas participantes do mercado internacional de sobreaviso, tanto as mais quanto as menos imediatamente afetadas a partir do último trimestre de 2008.O ciclo de investimentos foi freado de maneira generalizada e ainda não se conhece concretamente a nova realidade que se encontrará no final deste processo de recuperação econômica. Por isto, a tomada de decisões inovadoras no meio corporativo neste momento crítico definirá o futuro dos negócios das companhias e a redefinirá a ordem dos key players de cada setor na próxima década.
Não somente ações inovadoras isoladas de cada empresa devem refletir na recuperação da economia global e na salvação mercadológica das companhias. No atual momento histórico, a formação de redes colaborativas de negócios, ou ecossistemas de clientes, parceiros e fornecedores, tem se intensificado. Estas redes têm grande potencial de tornar seus participantes mais fortes, eficientes e competitivos.
A integração de empresas – interna e externamente –, que veio se fortalecendo ao longo das últimas três décadas, se torna cada vez mais tecnológica e com menos interação humana no processo. Isto se dá porque estas redes colaborativas precisam de soluções tecnológicas capazes de atender a demandas cada vez mais complexas e suportar transações comerciais constantes e rápidas.
A adoção de softwares de última geração pode trazer benefícios econômicos significativos para os participantes de cada cadeia, como a redução de custos e despesas com processos, e, por conseguinte, possibilitar a maximização de lucros para os envolvidos. Isto leva, por fim, cada empresa a obter aumento de resultados financeiros, assertividade de seus negócios e satisfação de clientes, parceiros e funcionários.
Existe uma diversidade grande de sistemas e protocolos de comunicação. Fazem parte da rede colaborativa diversos sistemas heterogêneos, tais como ERPs, CRMs, SCM, sourcing systems, bancos de dados e sistemas legados. Há diversos protocolos e padrões que podem ser usados nas cadeias para a troca de informações, sejam os suportados por instituições financeiras como Febraban, CNAB e Swift, sejam originários de outras indústrias, como RND, EDIFACT ou mesmo os padrões de caráter proprietário.
O sucesso da gestão de operações no âmbito de uma comunidade na qual participam diversos parceiros depende da transferência segura de arquivos e informações na rede, integração dentro e fora das empresas para que a experiência por meio de canais possa ser potencializada e ter a simplificação da comunicação entre os que participam da comunidade de negócios, tudo isto com confiabilidade, rastreabilidade e controle de níveis de serviços (SLAs).
Se para que atinjam a plena internacionalização de suas atividades as companhias precisam fazer parte de uma rede colaborativa de negócios, o grande desafio para cada membro da cadeia é atingir o equilíbrio entre a atividade na estrutura de operações conjuntas e a diferenciação de cada empresa por meio de processos singulares.
O que permitirá aos players das cadeias colaborativas diferenciarem-se na próxima década em termos de posicionamento de marca, assinatura de novos contratos de clientes e aumento de receitas é a capacidade individual de empreender de maneira inovadora em ações.
Para se ter uma idéia de como ações inovadoras já mostram sua vertente de tendência para os negócios de várias verticais há algum tempo, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae-SP para avaliar a importância da inovação em empresas de pequeno e médio porte, mais de 50% das empresas consultadas promoveu algum tipo de inovação em 2007.
Na pesquisa foram avaliados 450 negócios nos setores comércio, indústria e serviços. Os dados do estudo revelaram que 52% das corporações pesquisadas que investiram em inovação tiveram crescimento em seu volume de produção e 39% delas registraram ganhos de produtividade com sua mão-de-obra.
Já as empresas pesquisadas que não implementaram método ou processo inovador, cresceram apenas 27% e tiveram ganhos de produtividade de 20%.
A inovação na aplicação de tecnologia tem como objetivo o alcance de vantagens competitivas nas diferentes indústrias, o que demonstra a vasta gama de maneiras como as soluções podem ser implementadas e aplicadas para otimizar e transformar os processos de negócios colaborativos.
Empresas inovadoras em seus segmentos já demonstram os primeiros sinais de retorno devido à adoção de melhores práticas na implementação de soluções para melhor se comunicarem, conectarem e colaborarem com clientes, parceiros e fornecedores.
Entre as prioridades correntes dos CIOs, de acordo com dados de uma pesquisa recente realizada pelo Gartner sobre expectativa de foco da área de TI referente a aperfeiçoamento de performance e operações, estão os itens “melhoria de business processes”, “redução de custos” e “aumento da efetividade da força de trabalho”. O item “criação de novos produtos e serviços”, ou seja, inovação, está posicionado em sexto lugar na lista de prioridade dos executivos de TI em 2009.
Já para 2012, a consultoria aponta inovação como ocupante do primeiro lugar na lista, seguida por melhoria de business processes e atração e retenção de novos clientes. Os itens “redução de custos” e “aumento da efetividade da força de trabalho”, que se encontram em 2ª e 3ª posições no ranking de 2009, cairão, em 2012, para 7a e 6ª posições, respectivamente, de acordo com dados do Gartner.
A pesquisa demonstra de maneira inequívoca a importância de se pensar além do plano imediato e ‘sair do quadrado’ quando o assunto é o sucesso dos negócios no futuro. Em abril, o economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O’Neill, que cunhou o sigla BRICs, afirmou publicamente que os quatro emergentes, Brasil, China, Índia e Rússia, estão em boas condições de superar a crise financeira global e que o Brasil é o país que melhor a tem enfrentado e o que tem as regras mais claras e um ambiente institucional sólido. Com base nesta avaliação, é possível depreender que as companhias instaladas no Brasil têm condições efetivas para investir sem medo em inovação e com garantia de um retorno futuro já a médio prazo.
Assim, o foco das companhias que querem ser vencedoras na acirrada competição de mercado da próxima década deve estar voltado desde já para abordagens tecnológicas inovadoras que contribuam para a resolução de problemas de negócios. Com a adoção de tais ferramentas, cada vez mais as empresas podem se dedicar ao seu core business, potencializar o resultado de trabalho e, por conseguinte, econômico gerado para a corporação. Este ciclo gera uma espiral progressiva de retenção de talentos, motivação, sustentabilidade de negócios e crescimento, assegurando o sucesso das operações dos clientes e participantes da rede colaborativa.
Marcelo Ramos, presidente da Sterling Commerce para América do Sul