Ipea elogia preço proposto pelo PNBL, mas pede detalhamento do serviço
Pesquisador afirma que preço atual da banda larga no País é impraticável. Velocidade da conexão deve evoluir ao longo do tempo.O Plano Nacional de Banda Larga está de acordo com as evoluções sugeridas pelo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no dia 26 de abril, que defendia a universalização da internet de alta velocidade no País. Entretanto, faltou um detalhamento maior da proposta e uma promessa de que, com a massificação do serviço ao longo do tempo, a tecnologia evolua para permitir o uso de velocidades ainda maiores. A análise é do pesquisador Rodrigo Adballa, um dos responsáveis pelo estudo do Ipea.
Segundo Abdala, faltam explicações mais precisas sobre como o plano vai resolver a questão do acesso à internet nas regiões rurais dos Estados e as desigualdades regionais. “Tudo isso depende da implementação do plano”, afirma. “Ainda é muito cedo para dizer até que ponto nossas observações serão abordadas.”
Ele acredita que o preço é um dos pontos positivos da iniciativa. “O preço atual do acesso pelas empresas de telecomunicações é impraticável para que se alcance uma massificação da banda larga. [O valor proposto no plano] é mais aderente a uma equalização do cenário internacional”.
A velocidade, embora esteja aquém dos planos de internet banda larga oferecidos pela empresa privada, não é problema, diz Abdalla. “O plano precisa partir de algo que já existe. Com a massificação, mais velocidade deverá ser oferecida. Se em dois anos o PNBL alcançar o dobro da massa populacional atual, poderá se pensar em aumentar a velocidade da conexão”.
Ele explica que todos os países que avançaram para novas marcas de velocidade na internet, como Estados Unidos, Austrália, Japão e Finlândia, por exemplo, primeiro universalizaram o serviço até atingir pelo menos 20% da população, densidade que é quatro vezes maior do que no Brasil.
No país, apenas 12 milhões de domicílios têm banda larga, segundo pesquisa do Ipea. Menos de 10% dos municípios de Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima têm banda larga e entre 10% e 15% dos municípios da Bahia, do Ceará e de Sergipe têm a infraestrutura disponível para internet banda larga.
“A inclusão do governo [nessas regiões] será muito positiva, pois atenderá mais municípios e outros que serão incluídos ao longo do tempo. Isso está dentro da nossa expectativa” explica Abdall. “A medida que ainda existem grupos populacionais que não foram cobertos nessa versão inicial do plano, isso deverá ser contemplado em uma futura revisão.”
O PNBL precisa, no entanto, evoluir conforme o avanço tecnologia. “A questão da evolução tecnológica tem que ser considerada pois, embora as velocidades sejam mais baixas que a media internacional, é preciso pensar na evolução”.
O PNBL foi anunciado nesta quarta-feira (5) pelo governo. Uma das expectativas é disponiblizar o serviço de 11,9 milhões de domicílios para quase 40 milhões de domicílios até 2014. O custo da tarifa deve ser de R$ 15, para o plano com incentivos, com velocidade de até 512 kbps (quilobits por segundo) e com limitação de downloads e de R$ 35 para o plano comum, com velocidade entre 512 e 784 kbps.
A estatal Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás) será a gestora do plano, mas o governo quer que empresas privadas atuem de forma complementar, levando o serviço ao usuário final. Como gestora, a Telebrás será encarregada de implementar a rede de comunicação da administração pública federal e prestar suporte a políticas de conexão à internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais e outras localidades de interesse público.
A estatal só levará o serviço para os usuários finais se não houver oferta de participação de empresas privadas. O governo planeja fazer licitações até setembro deste ano para escolher as empresas de telefonia privada que desejam participar do plano.