Declarações do presidente da Telefônica geram debate sobre neutralidade da rede

fev 9, 2010 by

Cesar Alierta - Presidente da TelefônicaAs declarações do presidente do grupo Telefónica, César Alierta, de que as operadoras têm direito de receber parte das receitas de sites de conteúdo como o Google iniciaram um debate sobre os modelos de negócio na internet e a neutralidade das operadoras que provêm a infraestrutura de conexão à rede.

O professor de Direito Amadeu Abril, que pertenceu ao comitê de direção da ICANN (sociedade que gerencia os dominios da internet), considera que a Telefónica cometeria um erro perigoso, ao penalizar o Google. “O tráfego não é gerado pelo Google e sim pelos clientes da Telefónica e das outras operadoras. É como se os gestores de uma estrada cobrassem aos motoristas que viajam para fechar um negócio um pedágio mais caro do que o cobrado a turistas. É como se cobrassem não por quilometragem ou volume do veículo e sim por critérios subjetivos, como a rentabilidade da viagem. lém disso, quem gera mais ocupação de banda, os sites de busca ou o compartilhamento de arquivos e os downloads? Discriminar o tráfego criaria complicações para a operadora”.

O professor da Politécnica de Madri, Jorge Pérez, coordenador do fórum para a governança da internet na Espanha, alerta que existe um tema pendente a ser resolvido: a chamada neutralidade da rede, que ele prefere chamar de “”debate sobre uma internet aberta”. “O crescimento da internet gerou dois modelos de negócio distintos: os que administram conteúdos e inovam e as operadoras, cuja rede é usada por aquele. Isso gera um um conflito básico, porque as operadoras têm que investir em infraestrutura e os beneficiários dessa melhora são os primeiros”.

Nos Estados Unidos, comenta Pérez, onde o debate sobre a neutralidade da rede (que as operadoras não possam discriminar discriminar o tráfego em função de seus interesses) é intenso e já deu desdobramentos interessantes.”A operadora Verizon e o Google apresentaram um documento conjunto”. Pérez está convencido de que o debate vai gerar algun tipo de acordo em que empresas como Google, Microsoft e Yahoo financiem parte da infraestrutura.”O problema é que não se sabe como”. E, antecipa Pérez, não será um acordo imposto pelos reguladores. Ele cita como exemplo o acordo da Apple com as operadoras, para vender seu iPhone. Um cenário onde as operadoras penalizem os sites que mais geram tráfego seria prejudicial para todos, acredita Pérez.

 

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