Trabalhadores de telecom aprovam Carta de São Paulo

maio 27, 2013 by

Os 360 delegados do 4º Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores de Telecomunicações (Fenattel), representantes de  21 sindicatos de todo o país que congregam juntos mais de 1 milhão de trabalhadores, aprovaram no domingo, 26, o documento que vai nortear a ação da categoria nos próximos anos. 
Leia a íntegra do documento aprovado.

CARTA DE SÃO PAULO

Os trabalhadores de telecomunicações do Brasil, representados pelos Delegados dos Sindicatos filiados à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações) reunidos no 4º Congresso Nacional, analisando: a) a Conjuntura Política e Econômica Nacional, suas perspectivas e as reais necessidades do povo brasileiro; b) a situação das empresas do setor de telecomunicações e as perspectivas de emprego e renda; c) a situação salarial e trabalhista nos diversos segmentos de telecomunicações; d) as formas de organização e ação sindical, visando a aprovação de um Plano de Lutas Unitário da Fenattel para os próximos anos e a necessidade de unificação das Campanhas Salariais Nacionais nos setores do teleatendimento, prestadoras de serviço e operadoras de telecomunicações, vêm a público apresentar suas deliberações, assinalando que:
a) O povo brasileiro obteve ganhos com a efetiva política de distribuição de renda levada a cabo na última década, com os ganhos reais de 74% no salário mínimo, com as ações de proteção social e o estímulo à produção nacional, à geração de empregos e o fortalecimento da Democracia. Defendemos que os trabalhadores devem lutar para avançar nessa direção e impedir as tentativas de retrocesso por parte das elites conservadores, em especial do setor financeiro;
b) As empresas de telecomunicações obtiveram gigantescos ganhos patrimoniais nesse período, sem, contudo, promover as devidas contrapartidas sociais aos seus trabalhadores. Ao contrário, utilizando-se de mecanismos  como a terceirização, responsável pelo agravamento das injustiças e desigualdades de norte a sul, promoveram a precarização dos contratos de trabalho, dos salários e das condições sociais de quase um milhão de trabalhadores, terceirização que vem sendo firmemente combatida pela Fenattel e seus sindicatos filiados;
c) É urgente e necessário que se promova um forte avanço nas relações trabalhistas neste setor chave da economia nacional. Para isso reafirmamos a luta por Convenções Coletivas Nacionais nos setores de teleatendimento, em que centenas de milhares de jovens enfrentam dura exploração e uma rotatividade no emprego jamais vista; nas prestadoras de serviço que auferem seus lucros às custas das condições de trabalho ruins e sem uma politica de qualificação e valorização de seus empregados e quadros técnicos; e nas operadoras de telecomunicações, que chegam a  promover concorrência de mercado às custas da falta de isonomia nos direitos e na remuneração de seus profissionais, ou nas manobras para não pagar a participação nos resultados,  entre outros ataques a direitos sociais;
d) As novas características do perfil da categoria profissional nos obrigam a repensar as ações para organizar e sindicalizar em massa, mulheres e jovens, bem como a sociedade reclama de nós, trabalhadores organizados, ação concreta para impulsionar a inclusão digital  e universalização dos serviços como instrumento de consolidação dos direitos democráticos do povo brasileiro, decidimos por:
1. Recuperar e garantir o protagonismo do movimento sindical no cenário político e econômico, integrando o bloco produtivista das forças que querem o desenvolvimento com distribuição de renda e que enfrenta as ameaças de retrocesso e manter a luta pela queda dos juros;
2. Adotar e ampliar as ações propostas na Plataforma Unitária aprovada na CONCLAT do Pacaembu (2010) e as bandeiras da 7ª Marcha dos Trabalhadores a Brasília;
3. Definir como tarefas imediatas do movimento sindical dos Trabalhadores em Telecom as  lutas  por  negociações salariais com ganho real, a não descansar enquanto não conquistarmos Convenções Coletivas Nacionais unitárias e justas para coibir as mazelas da terceirização, em especial a precarização do trabalho e dos salários,  pelo avanço da pauta trabalhista do Congresso Nacional;
4. Reforçar a unidade, mobilização e organização das entidades sindicais em todo país e, além disso, devemos interligar nossas ações com as do movimento sindical nos demais países em especial na América do Sul, onde a solidariedade e as lutas comuns devem ser implementadas, com apoio da Rede Sindical Internacional, o nosso “sindicato global”;
5 Sindicalizar centenas de milhares de novos trabalhadores para fortalecer nossas organizações como instrumentos de luta e mobilização desde os locais de trabalho, em especial, organizar novos contingentes de mulheres e jovens, construindo dia a dia sindicatos fortes e respeitados.
Conscientes de que esta Plataforma amplamente debatida e consolidada responde às necessidades concretas dos trabalhadores, o Plenário do 4º. Congresso Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações do Brasil aprova por unanimidade de seus delegados e indica este documento como guia seguro para uma ação sindical unitária, vitoriosa e necessária na busca de uma sociedade mais democrática, mais justa e mais fraterna.

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