Brasileiro compra celular, mas fala bem abaixo da média mundial

jun 3, 2013 by

Entre as tintas que buscaram apresentar um setor de investimentos impressionantes frente a desafios imensos, passou quase despercebida uma informação que diz muito sobre as telecomunicações brasileiras durante audiência pública realizada na Câmara: no pujante setor com 270 milhões de acessos móveis, o sexto maior mercado mundial, fala-se muito pouco ao celular.
Diretor executivo do sindicato nacional das teles, o Sinditelebrasil, Eduardo Levy comemorou o fato de o país estar chegando à marca de 130 minutos de uso por mês. Foi um dos indicadores apresentados como evolução do mercado nacional de telefonia, ao lado do investimento “recorde” de R$ 25 bilhões no ano passado.

Faz sentido imaginar que esse tempo ao celular ajuda a entender porque os brasileiros gastam apenas 1% da renda média com telecomunicações – indicador que se baseia em um rendimento médio mensal de R$ 1,8 mil, frente a gastos, também médios, de R$ 19 por mês com telecom.

“A lucratividade das telecomunicações no Brasil não é muito boa, e muito abaixo das europeias, por exemplo”, lamentou Eduardo Levy, ao responder às críticas de que as empresas lucram muito e investem pouco no país. Ele não chegou a mencionar, mas em média as recargas de pré-pagos a cada mês ficam apenas entre R$ 5 e R$ 7.

É um desempenho sofrível. Com 130 minutos de uso por mês, o Brasil começa a chegar, em 2013, a indicadores que países como Argentina, Chile e México já apresentavam em 2006. Na prática, o Brasil puxa para baixo a média da América Latina, de 140 minutos mensais de uso.

Enquanto isso, a média na Índia é de 400 minutos. Nos Estados Unidos, sempre modelo para o Brasil, a marca é superior a 700 minutos mensais. E mesmo se comparado com países europeus, como na resposta do Sinditelebrasil, o resultado é fraco. Por lá, o uso médio varia próximo a 350 minutos/mês.
Os parlamentares da comissão de Fiscalização e Controle, no entanto, preferiram repetir queixas genéricas sobre a baixa qualidade dos serviços, ao lado de reclamações pontuais dos distritos onde não existe sequer o sinal disponível – lamento mantido mesmo depois de revelado a eles que não há obrigação para tal.

“Os distritos não foram incluídos nas obrigações. Portanto, quando não há viabilidade econômica, eles não são cobertos”, tentou explicar o diretor do sindicato. O presidente da Anatel, João Rezende, também explicou que, até aqui, a agência considera atendidas as metas de cobertura quando elas atingem 80% dos municípios sede.

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