MVNOs e os seus conceitos básicos

mar 3, 2010 by

MVNOOperadora Móvel Virtual pode vir a ser uma realidade no Brasil … a Consulta Pública (CP no. 50) de MVNO (ver Regulamentosobre Exploração de Serviço Móvel Pessoal (SMP) por Meio de Rede Virtual (RRV-SMP), ANATEL) foi publicada pela ANATEL em 22.dez.2009. Parabéns ANATEL pela Banda H e MVNO!!! Vamos ver agora com que velocidade que a ANATEL vai andar com estes dois processos – se acontecem logo ou ficam para o dia de “São Nunca” como o caso do WiMAX de 3,5 GHz.

Sobre MVNO, acreditamos que este negócio vai trazer um fôlego novo ( talvez surpreendente) ao negócio de telefonia móvel no Brasil, uma vez que envolve um ecosistema diferente ao negócio de telecomunicações podendo agregar empresas de varejo (p. ex., supermercados), bancos, empresas de mídia, empresas de aviação entre outras (ver Celular com chip de banco e supermercado, O Globo, 17.jan.2009). Atualmente temos um total 550 MVNOs ou revendas no mundo (informações confirmadas por Órgãos Reguladores de Telecom) com um total de 85 milhões de assinantes (ver Operators in emerging markets should embrace MVNOs, Telecoms, 20.jul.2009). Em termos de números de assinantes destacamos as MVNOs: Tracfone Wireless nos EUA (do grupo mexicano América Móvil) com 10 milhões de assinantes e focada na comunidade de língua espanhola; a famosa Virgin Mobile no Reino Unido (que outrora foi do megamilionário Richard Branson do Grupo Virgin) com 5 milhões de assinantes e, a Tesco Mobile no Reino Unido da 2ª maior rede varejista inglesa Tesco com 2 milhões de assinantes. Entre os grupos da economia normal “de tijolos” que se envolvem com o negócio de Telefonia Virtual destacamos o setor de varejo englobando supermercados, cadeias de fast-food (como 7-Eleven), cadeias de vendas de aparelhos móveis (como a inglesa Carphone Wharehouse), entre outros.

Como Telefonia Móvel Virtual é um assunto novo para nosotros, resolvemos escrever uma matéria explicando um pouco destenegócio e os principais players envolvidos no mesmo que são: MVNO, MNO e MVNE.

MVNO

Muitas definições e conceitos podem ser encontrados na mídia de Telecom sobre Operadora Virtual (conhecida como MVNO = Mobile Virtual Network Operator).

Atualmente, a melhor definição sobre MVNO é  a que diz que uma companhia que fornece o serviço de telefonia móvel mas não possui uma licença própria de alocação de espectro de freqüência.

A MVNO utiliza a alocação de espectro de freqüência de uma operadora convencional de telefonia móvel estabelecida no mercado. No Brasil, temos os seguintes espectros de freqüência das operadoras de telefonia móvel convencionais: Bandas e Áreas de Celular segundo Teleco. Estas bandas de freqüências são licitadas pelo nosso Órgão Regulador de Telecomunicações chamado ANATEL. Estas freqüências de espectro são adquiridas pelas operadoras móveis convencionais através de Leilão de Espectro elaborado pela ANATEL. Ver mais sobre espectro de RF aqui: Wikipedia, Radio Spectrum.

Algumas restrições adicionais podem ser aplicáveis, mas na teoria a MVNO teria uma infraestrutura semelhante a infraestrutura necessária de uma operadora de telefonia móvel convencional para fornecer o seu serviço. A realidade mostra que o mais importante para a MVNO é manter o foco do negócio, explorar a marcar associada ao negócio e ganhar market share e alcançar posição no mercado.

Embora a1ª MVNO – Virgin Mobile – tenha apareceido em 1999, a primeira idéia de Virtual Network Operator (VNO) surgiu no início dos anos 1990, atrvés de operadoras que não tinham sua infraestrutura própria de comunicações. As primeiras VNOs estavam interessadas na revenda de tráfego e serviços adicionais marginais por que a a comercialização de VAS exigiam a funcionalidade de Rede Inteligente. A Internet e os serviços móveis 3G mudaram este quadro, ampliando as novas formas de implementar serviços (ver The Mobile Virtual Network Operator Concept: Truth and Myths, Telektronikk, 2001).

O conceito de MVNO apareceu em 1998 com a Sense Communication também chamada de Netsystem International. Esta empresa “lutou” pela interconexão com as redes das operadoras móveis na Escandinávia. Embora tenha tido apoio do Órgão Regulador escandinavo, a Sense Communication não teve sucesso nos acordos comerciais com as operadoras móveis convencionais que consideraram a MVNO como uma ameaça! A Sense Communications faliu … mas retornou novamente ao mercado como um provedor de serviços sem tentar novamente estender as “fronteiras regulatórias” (ver Referências do Google sobre MVNO Sense Communication Scandinavia). Ah bom!

Em termos de mercado mundial atualmente, a lista dos Top Ten Markets em MVNOs é a seguinte: Alemanha (59 MVNOs); Holanda (#56); Estados Unidos (#54); Bélgica (#48); Reino Unido (#40); França (#33); Austrália (#28); Noruega (#14); Dinamarca (#13) e Hong Kong (pelo menos #5). A importância de Hong Kong no cenário mundial de MVNO vem do fato que este país é um dos únicos que obriga as telcos móveis de 3G cederem até 30% a 50% do seu espectro para as MVNOs. Veja aqui uma lista de MVNOs pelo mundo afora: Telecom Paper, MVNO List.

MNO

Conhecida como Mobile Network Operator, é a operadora convencional de telefonia móvel (ou incumbente) que fornece a alocação de espectro de freqüência para viabilizar a operação de uma MVNO.

Esta relação entre uma MVNO e uma MNO pode ser implementada através de várias formas de abrangência tendo como princípio básico o seguinte: o espectro de freqüência para operação da MVNO será sempre fornecido pela MNO. Ponto!

Na figura abaixo mostramos uma Cadeia de Valor típica do negócio de MVNO, a saber:

Modelo MNO

A MVNO escolhe sua estrutura interna baseada na sua estratégia de marketing, estratégia comercial e objetivos de mercado. Para reduzir riscos do negócio e ter um preço competitivo, a MVNO deve ter uma operação muito “enxuta” (p. ex., muito baseada em Web), e focar fortemente na sua Marca, em Marketing e, em Vendas. Por outro lado, para proporcionar serviços exclusivos e convergentes, a MVNO precisa investir mais em sua arquitetura interna diretamente ou através de terceiros. Um destes terceiros é o player chamado MVNE que veremos na seção seguinte destes Conceitos Básicos.

A partir da Cadeia de Valor acima é fácil perceber – exceto para aqueles elementos exclusivos da MNO (p. ex., espectro de freqüência) e aqueles exclusivos da MVNO (p. ex., Marca, Marketing e Vendas), que todos outros componentes podem ser fornecidos pela MNO, ou pelo MVNE ou pela própria MVNO. A escolha entre estes elementos é necessária para a MVNO criar diferenciação e quem irá ofertá-los define os Modelos de Obrigações (Engagement).

Como mencionado acima, é parte da estratégia de uma MVNO definir e criar sua própria Cadeia de Valor. Uma MVNO pode ser classificada dependendo de como esta Cadeia de Valor é projetada. Na tabela abaixo mostramos os diferentes tipos/categorias de MVNOs, a saber:

Tabela Comparativa de Tecnologia MVNO

Importante : Na tabela acima não existe um “corte” preciso entre os diferentes tipos/categorias de uma MVNO.

Importante!!!

O termo MVNO não implica em uma arquitetura de rede precisa nem um compromisso com um conjunto de componentes padronizados de sistemas. Ao invés disto, existe um range de opções – que podem ser compartilhardos em maior ou menor escala – para compor a infraestrutura entre uma MVNO e sua MNO (ver ”Open Network” Regulatory Framework for Third Generation Public Mobile Radio Services in Hong Kong, Discussion Paper for Industry Workshop, OFTA, 05.jan.2001).

Os diferentes tipos/categorias de MVNOs são explicados a seguir:

Dealer e Branded: são modelos profundamente dependente da MNO. Tarifas e a marca são negociados direto com MNO e portanto não há espaço para o MVNE;

Skinny MVNO: são aqueles que decidem obter da MNO quase todos os elementos necessários para construir a sua rede. Normalmente, somente o Billing (faturamento) e/ou CRM (Atendimento a Cliente) são implementados pelo MVNO (ou por um MVNE). Neste caso, a importância da MVNO ter ele própria o CRM e o Sistema de Billing baseia-se na necessidade de controle de cliente mínimo e propriedade. Este é um ponto importante para a MNO entender: para a MVNO “gerar grana” para ela, a MVNO precisa de “algum oxigênio” senão este Fresh Money não vem para a MNO! Podemos considerar que a Skinny MVNO é similar aos prestadores de serviços clássico (SP).

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