Agência dos EUA derruba barreiras de proteção na internet, diz “New York Times”
A NSA, Agência de Segurança Nacional dos EUA, consegue corromper parte da proteção digital do comércio global e dos sistemas bancários, além de proteções automáticas de e-mails, pesquisas na web, chats na internet e chamadas de telefone de americanos e cidadãos ao redor do mundo, afirma reportagem publicada nesta quinta-feira (5) pelo “The New York Times”.O jornal americano afirma ter tido acesso aos mais novos documentos divulgados por Edward Snowden. O esquema revelado pelo ex-técnico da CIA (agência de inteligência americana) mostra que diversos programas da NSA permitiram a investigação de dados e conteúdo de conversas entre milhões de pessoas em todo o mundo –até mesmo a presidente Dilma Rousseff teria sido alvo de monitoramento da NSA, o que causou uma crise diplomática entre os países.
As denúncias foram publicadas pela primeira vez em junho deste ano, pelos jornais britânico “Guardian” e americano “Washington Post”. Procurado pelos EUA desde então, Snowden recebeu asilo em agosto do governo russo.
Segundo o “NYT”, o NSA consegue corromper a criptografia, que protege dados e confere privacidade na internet, utilizando supercomputadores, truques técnicos, ordens judiciais e persuasão nos bastidores.
A agência trata seus recentes sucessos em decifrar dados protegidos na internet como informação sigilosa, já que, segundo o jornal, a NSA quer manter a crença dos usuários de internet de que seus dados estão a salvo do governo.
Em 2000, poucos anos após perder uma batalha pública para inserir uma espécie de porta de acesso em todos os sistemas de segurança de informação utilizados na internet, a NSA decidiu investir bilhões de dólares em escutas clandestinas.
Este investimento incluiu supercomputadores e colaboração com empresas de tecnologia nos EUA e em outros países para construir portas de entrada que a NSA pudesse acessar. Segundo o jornal, que cita entrevistas com membros da indústria e outros documentos, os papeis não deixam claro quais empresas foram contratadas.
O jornal afirma ainda que a NSA entrou ilegalmente em computadores específicos para criar pontos de acesso antes que eles fossem protegidos e usou sua influência como uma das maiores criadoras de códigos (sua especialidade desde sua criação, em 1952) para inserir pontos fracos em sistemas de segurança que se tornarão o padrão utilizado por desenvolvedores de hardware e software em todo o mundo.
Os documentos citados pelo “NYT” indicam ainda que a NSA trabalhou por várias vezes em conjunto com analistas britânicos. Segundo um memorando de 2010 obtido pelo jornal, a Central de Comunicações do Governo britânico foi informada sobre os esforços da agência americana e que “vastas quantidades de informação na internet que eram até então descartadas agora podem ser exploradas”.
Outro documento citado pelo jornal, um documento de orçamento da inteligência americana, indica que a campanha da NSA para quebrar a proteção da internet continua até os dias de hoje.