No final, você decide

ago 19, 2014 by

 

Hoje, 19 de agosto, começa nos meios de comunicação abertos, rádio e TV, o horário político eleitoral. Começa oficialmente porque o horário político já começou há muito tempo com a intervenção da chamada “grande imprensa” na vida política nacional. E quem afirma isso não somos nós, mas a presidenta da Associação Nacional de Jornais. Em 2010, Judith Brito já dizia que “os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”.

 

 

A grande mídia não pode ter posição? Pode. O que não pode é se fingir de neutra. O que não pode é fazer dessa suposta neutralidade peça de marketing, propaganda enganosa. Deve, sim, deixar claro de que lado está. Em todos os países chamados desenvolvidos os grandes veículos de mídia são transparentes em sua posição. No Brasil, até agora, a única publicação que agiu assim foi a revista Carta Capital, definindo seu apoio à reeleição de Dilma Rousseff.

O Instituto de Estudos Sociais e Políticas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro vem analisando a cobertura diária da eleição nos jornais Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo, Jornal Nacional. Só não inclui a revista  Veja porque julga desnecessário analisar o “jornalismo” do Grupo Abril. Conclusão: 93% das citações em relação à candidata Dilma foram negativas e tendenciosas.

Nós, do Instituto Telecom, e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação temos defendido a necessidade de um debate imediato sobre uma nova legislação para a radiodifusão aberta – a Lei do setor é de 1962. Na plenária do FNDC, ocorrida neste final de semana, foi aprovado o apoio à realização de um plebiscito popular por uma Constituinte Soberana do Sistema Político, cuja campanha será desencadeada em todo o país na Semana da Pátria, de 1 a 7 de setembro.

Na Argentina, como nos lembra o Clube de Engenharia,  “após uma batalha judicial intensa por cerca de quatro anos, a Suprema Corte declarou a constitucionalidade da Lei de Medios, que substituiu todo um conjunto de leis implantadas na era da ditadura militar, e vem obrigando o grupo monopolista Clarin ( a Globo de lá)  a devolver concessões de rádio e televisão. Também o Uruguai, Equador e Venezuela tiveram recentemente aprovadas leis semelhantes”.

Não nos esqueçamos que as Organizações Globo cresceram e se fortaleceram graças a seu apoio à ditadura militar. O grupo, o mais importante de comunicação do país, também foi contra o Movimento das Diretas Já, inventou um candidato como o Caçador de Marajás, apoiou a privatização/desnacionalização de setores estratégicos como o das telecomunicações, foi contra a nova Lei da TV paga, ataca a Petrobrás, alardeou que a Copa do Mundo seria um fracasso. Tudo sob a capa da “neutralidade”.

O momento eleitoral deve ser a grande oportunidade de discutirmos a própria mídia, além de, é claro, quais os melhores candidatos. Defendemos a liberdade de imprensa, e não apenas a liberdade da empresa. Somos a favor da regulação dos meios de comunicação, que nada tem a ver com censura, como tenta fazer acreditar a Globo e seus parceiros de mercado. A democratização dos meios de comunicação pode ser um novo patamar para a nossa democracia.

Ao final desse processo caberá a você decidir se vai aceitar o jogo da “grande empresa” ou caminhar na luta pela construção de uma sociedade democrática.

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