Telecom Italia considera aumentar investimentos para lidar com demanda de dados na TIM em 2015
A Telecom Italia registrou no terceiro trimestre um recuo nas receitas e no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), mas comemorou maior eficiência nas operações domésticas e a tendência de aumento de receita de dados no mercado brasileiro. Tanto que o grupo italiano, que controla a TIM Brasil, acredita que poderá aumentar os investimentos no País em 2015, embora ainda não tenha divulgado o seu plano trienal 2105-18.
O CEO da Telecom Italia, Marco Patuano, reconhece que a aceleração do mercado brasileiro no trimestre foi pequena, mas prevê mudanças. “Definitivamente, em termos de quantidade houve redução, mas também em gastos, embora menos proporcionalmente. Em 2015 nós assumimos que o crescimento que estamos experimentando em dados é algo que nos faz avaliar o aumento de Capex”, disse ele em teleconferência para apresentação dos resultados nesta sexta-feira, 7. “A perspectiva é que a época de usar a voz como ferramenta principal vai acabar em prazo relativamente curto, e uma característica importante do Brasil é que o mercado reage muito rápido: se a pessoa vira usuária de Internet, a adoção de over-the-top é muito rápida.”
O que a companhia pretende é continuar investindo na banda larga móvel para conseguir capturar essa tendência de dados. Marco Patuano explica que, embora o “campo de batalha seja no 3G em curto prazo”, o LTE traz outro tipo de consumo – a companhia avalia que o ARPU nessa tecnologia seja quase o dobro do registrado nos acessos de terceira geração. “O 4G não é apenas uma rede mais rápida, é uma experiência completamente diferente, como na Europa, e isso deverá ser transferido também para o Brasil”, compara. O executivo diz ainda que o fato de a Oi não ter participado do leilão de 700 MHz é “uma mensagem importante: se o mercado não consolidar, (a faixa) será uma arma crucial para ter se quiser brigar no mercado”.
Eficiência
“Eficiência é uma das minhas manias”, declara Patuano. Ele afirma que a empresa reinvestiu a maioria das economias com eficiência que obteve durante o ano, o que dá mais espaço para continuar melhorando esse desempenho. “Porque dizer (para os funcionários) que vamos economizar para pagar a dívida não cria empolgação, mas se disser a eles que á para criar mais rede e vantagem competitiva, é outra história”, revela.
O CEO confirma o guidance para 2014, alegando ter conseguido construir mais infraestrutura na Itália do que o plano original e totalmente financiado com recursos próprios. No mercado brasileiro, a TIM gerou uma economia em Opex no terceiro trimestre, com queda de 8,1% devido à eficiência na rede e menores custos de interconexão com a queda da VU-M. “Acho que no Brasil, uma vez que completarmos o programa de expansão, teremos que progressivamente entrar em mais eficiência, porque as margens tenderão a poder ficar melhores.”
Apesar da melhora na eficiência, a dívida líquida da Telecom Italia subiu 0,43% em relação a dezembro de 2013 e agora está 28,601 bilhões de euros.
Mercado doméstico
Nas operações italianas, a Telecom Italia ainda experimenta diluição do ARPU em serviços tradicionais, tanto móvel quanto fixo. Ela justifica com a “dinâmica que redireciona a base para planos com bundle, que permitirão, de qualquer forma – com respeito à redução de lucratividade em curto prazo – maior estabilização nos gastos e churn em médio e longo prazo”.
A estratégia para os acessos fixos é investir mais em fibra, mas também considerando o ADSL em altas velocidades. Patuano afirma também que o grupo solicitou aos fornecedores Alcatel-Lucent e Huawei para trabalharem em uma solução de vectoring que não cause interferência, um problema para a incumbent italiana em locais onde possui infraestrutura compartilhada. Além disso, há novas tecnologias que poderão ser utilizadas em um futuro próximo. “Estamos trabalhando em VDSL3, FTTB (fiber-to-the-building), mas estamos em fase de pré-padronização, então não temos certeza do que podemos fazer, e não será para 2015”, detalha.
A companhia afirma que o mercado italiano é o maior da Europa com famílias que utilizam apenas banda larga móvel (8 milhões de residências). A ideia é fazer com que esses acessos se convertam em banda larga fixa também. A companhia firmou parceria com utilities para estender sua cobertura de fibra, sobretudo no sul daquele país. Além disso, pretende garantir mais receita com serviços adicionais, especialmente no negócio corporativo, no qual 30% das empresas ainda não utilizam serviços em cima da banda larga. “Empresas pequenas estão comprando mais serviços de TIC, e vemos isso como uma tendência sólida para o futuro”, declara Patuano.
No caso da TV, pelo menos no mercado doméstico, o executivo é categórico ao afirmar que a oferta de TV por protocolo IP precisa ser reformulada. “Acho que o IPTV tradicional está acabado, o futuro será uma plataforma híbrida de over-the-top (OTT) puro e algo que tenha algumas características da IPTV”, declara, referindo-se a conteúdos de vídeo on-demand (VOD) e de TV linear, respectivamente.
Dados financeiros
Nas receitas, houve queda de 4,5%, e total de 5,421 bilhões de euros para a Telecom Italia, sendo 1,608 bilhão (29%) do Brasil, uma queda de 2,1%. Já o EBTIDA caiu 8%, total de 2,243 bilhões de euros, sendo 20% (441 milhões de euros) da TIM, um crescimento de 8,4% que compensou parcialmente a queda de 11,6% na Itália (total de 1,795 bilhão de euros).
A empresa investiu 933 milhões de euros em Capex, recuo de 13,2% em relação ao ano anterior, sendo 66% para as operações domésticas e 34% (317 milhões de euros) para o Brasil, o que significou uma queda de 19,7% nos investimentos (contra 9,3% de recuo para a Itália).