Diretores e produtores paulistas defendem recondução de Rangel à presidência da Ancine
A possibilidade de um terceiro mandato de Rangel à frente da agência tem gerado polêmica no setor
O Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo decidiu se posicionar sobre a polêmica envolvendo a recondução pela segunda vez de Manoel Rangel à presidência da Ancine. Nesta quinta-feira, o sindicato divulgou carta em que pede à ministra da Cultura, Marta Suplicy, a recondução de Rangel, cujo mandato atual vence em maio, em virtude dos muitos desafios que o setor enfrenta.
“Muitos são os desafios para a Ancine. Assim, é fundamental contar com executivos experientes e comprometidos com a política de aceleração de crescimento que foi tão arduamente construída. É imprescindível nesse momento prosseguir com os processos e reformulações já em curso”, diz a carta, pedindo a manutenção de Manoel Rangel no comando da Ancine.
O posicionamento acontece após, na semana passada, os servidores da Agência Nacional de Audiovisual (Ancine) aprovarem em assembléia uma posição contrária à segunda recondução de Rangel. Para os servidores, a segunda recondução “contraria as boas práticas regulatórias e representa uma séria ameaça de captura governamental da agência, comprometendo sua independência, autonomia, transparência e eficiência, independentemente dos avanços e conquistas da Ancine sob a gestão do atual diretor-presidente”.
A movimentação dos funcinários da Ancine ocorreu após algumas declarações da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, elogiando a atuação de Rangel.
Leia o posicionamento do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo na íntegra:
Sra. Ministra,
Vivemos um momento histórico para o audiovisual independente, em crescente progresso. Filmes brasileiros, mesmo contando com recursos para a produção e promoção muito inferiores aos filmes estrangeiros, já disputam com igualdade o interesse do público nacional. Diversidade com qualidade tem sido a característica desse novo cinema nacional, feito em todas as regiões do país e por todas as gerações de cineastas brasileiros, com reconhecimento internacional.
O Fundo Setorial do Audiovisual realiza atualmente investimento no mercado superior aos recursos angariados através das leis de incentivo. Na TV por assinatura, a aprovação da lei 12.485 traz um novo cenário para o conteúdo nacional, aquecendo toda a cadeia de produção. A aprovação do projeto do Vale Cultura ampliará o acesso da população à cultura e com certeza aos filmes nacionais.
Um novo tempo se anuncia para o setor, que terá a oportunidade de realizar em maior quantidade, agilidade e eficiência obras de conteúdo nacional para todas as mídias.
Mas essas conquistas ainda demandam grandes esforços do Ministério da Cultura, da Ancine e do setor. As resistências são enormes e a consolidação desse processo de mudança ainda está em curso.
As Instruções Normativas que regulam a atividade estão sendo reformuladas para compatibilizar essas novas demandas. O Fundo Setorial reformula sua política de investimentos. O crescimento das salas de cinema ainda é lento frente ao crescimento econômico do país. A produção de filmes e conteúdos para a TV enfrenta a escassez de profissionais de roteiro e técnicos de diversas áreas. As casas produtoras aceleram o aprimoramento se sua gestão para atender as novas oportunidades.
Há ainda um enorme trabalho de gestão interna na agência que se vê estrangulada com o crescimento da demanda e com as novas responsabilidades. O mercado precisa de agilidade e a agência de novos processos.
Muitos são os desafios e enfrentamentos nessa nova fase que se inicia para o audiovisual brasileiro. Muitos são os desafios para a ANCINE. Assim, é fundamental contar com executivos experientes e comprometidos com a política de aceleração de crescimento que foi tão arduamente construída. É imprescindível nesse momento prosseguir com os processos e reformulações já em curso.
Para garantir esse momento estratégico para o crescimento do audiovisual independente no país, o SIAESP – Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo e os profissionais de cinema abaixo assinados pedem o apoio da Sra. Ministra para que o Sr. Manoel Rangel continue a frente da ANCINE e tenha o tempo necessário para completar e consolidar essas conquistas.
Atenciosamente,
Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo
André Sturm
Andrucha Waddington
Arnaldo Jabor
Bruna Lombardi
Bruno Barreto
Bruno Wainer
Caio Gulane
Carlos Alberto Ricelli
Carlos Cortez
Carlos Diegues
Cao Hamburguer
Debora Ivanov
Eryk Rocha
Fabiano e Caio Gullane
Fabiano Gullane
Fernando Meirelles
Francisco Ramalho
Georgia Costa Araujo
Hector Babenco
Hermano Penna
Hugo Carvana,
João Daniel Tikhomiroff
Lais Bodanski
Luis Bolognesi
Luis Carlos Barreto
Luiz Severiano Ribeiro
Marcio Fraccaroli
Marcos André Scherer
Mariza Leão
Michel Tikhiomiroff
Newton Canito
Paulo Dantas
Paulo Sacramento
Paulo Sergio Almeida
Pedro Buarque de Hollanda
Renata de Almeida
Renata de Almeida Magalhães
Rita Buzzar
Roberto Moreira
Rui Pires
Sara Silveira
Selton Mello
Sergio Rezende
Sergio Machado
Vania Catani
Walter Salles
Zita Carvalhosa