Facebook acena para as teles, mas sustenta: pacotes de dados estão caros

fev 25, 2014 by

Principal atração do primeiro dia do Mobile World Congress, Mark Zuckerberg, fundador da rede social, mandou um recado às operadoras: os smartphones não são mais o problema para aumentar o número de pessoas conectadas à Internet, mas, sim, o custo dos pacotes cobrados pelas teles. Rede Social lidera uma iniciativa – Internet.org – que tem o objetivo de levar acesso gratuito para serviços considerados essenciais como o de emergência e, claro, produtos como o Facebook. “Vamos dar dinheiro às teles com os nossos usuários. Eles são um ativo que as teles querem”, afirmou.

 

A mobilização para a palestra do CEO do Facebook foi impressionante no Mobile World Congress. Pelo menos três horas antes da apresentação, longas filas já se formavam no auditório principal. A lotação obrigou aos organizadores retransmitirem o painel em outros auditórios. Oficialmente a participação dele no evento aconteceu para falar do projeto Internet.org, lançado há um ano e que reúne fabricantes como Ericsson, Qualcomm e Samsung com o objetivo de levar acesso à Internet para quase 3 bilhões de pessoas no mundo.

A intenção do programa é oferecer serviços gratuitos – entre eles o de emergência, associados aos de redes sociais como o Facebook e, agora, ao WhatsApp, comprado pela rede social. Zuckerberg quer a participação das teles – acenou para a importância da conectividade, mas abriu sua participação reforçando que os smartphones não são mais o problema para o acesso simplificado à Internet, uma vez que os preços caíram no mundo. Mas os pacotes de dados são, sim, um problema. “Os pacotes de dados são caros. As teles podem oferecer serviços gratuitos para aumentar a procura pela Internet. A remuneração viria com o interesse desses usuários em novos produtos”, destacou.

Indagado pelo moderador do evento de como as teles poderiam rentabilizar uma oferta gratuita de Internet, Zuckerberg sustentou que no caso do Facebook, ele tinha o quê as teles querem: usuários ávidos em consumir (hoje o Facebook tem 1,2 bilhão de usuários ativos). “Mas precisamos conquistar esses usuários. As teles precisam entrar na iniciativa”, reforçou. Segundo Zuckerberger, hoje, duas teles estão com parcerias firmadas com a rede social para o Internet.org: Global Philipines, da Filipinas, e a Tigo, no Paraguai. De acordo com o CEO do Facebook, as duas já contabilizam incremento na receita. “O número de assinantes das Internet dobrou nas duas teles em pouco tempo”, disse.

Zuckerberg, no entanto, está ciente que para fazer o Internet.org decolar precisará, sim, do endosso das operadoras de telecomunicações, principalmente, nos países onde há uma maior desigualdade digital. Tanto que o Facebook contratou junto à Deloitte um estudo do impacto econômico e social do acesso à Internet nos países em desenvolvimento. O levantamento constatou que, com mais Internet, esses países aumentariam sua produtividade em 25%, com uma estimativa de gerar 2,2 bilhões de dólares de Produto Interno Bruto mundial.

Sobre a compra do WhatsApp, outro assunto bastante questionado pelo valor investido – US$ 19 bilhões, o maior de uma transação do setor de tecnologia, Zuckerberg sustentou que o serviço de mensagem instantânea vale muito mais do que foi investido nela. “São poucas as empresas no mundo que têm  mais de 500 milhões de usuários e chegará, rápido, ao 1 bilhão”. Garantiu ainda que não mudará o serviço. “Não seria o lógico”.

E, claro, o assunto espionagem da NSA, a agência de segurança norte-americana, foi alvo de pergunta. O fundador do Facebook repetiu que a NSA ‘ultrapassou a fronteira’, mas teve um papel importante: as empresas de Internet ficaram mais atentas ao seu papel e aos seus negócios. Reafirmou também que a privacidade dos dados dos usuários do facebook é absolutamente essencial para a continuidade do sucesso do negócio. “O governo tem a missão de proteger o cidadão, mas precisa usar maneiras transparentes”, completou.

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