Falco sobre banda larga: “Governo tem um plano bacana”
Depois de meses de críticas à iniciativa do governo federal de fazer um Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) onde o próprio Estado entre no mercado com uma rede própria e, até mesmo, preste o serviço diretamente, os executivos das principais empresas de telecomunicações do País abrandaram o discurso. A “virada” na opinião das empresas ocorreu após um encontro realizado nesta sexta-feira, 5, na Casa Civil com os coordenadores da proposta. “A reunião foi muito boa. O governo tem um plano bacana. A gente vai contribuir”, afirmou o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, ao sair do encontro.Segundo os executivos, o governo não entrou em detalhes sobre os pontos estratégicos da proposta, como a revitalização da Telebrás e a oferta direta de banda larga pelo Estado. O elogio geral foi que o governo teria aberto um canal de discussão com as teles, apesar de nenhum dos representantes das empresas ter garantido que essas conversas poderão alterar a iminente edição de um decreto presidencial lançando o plano. Segundo Antônio Carlos Valente, presidente da Telefônica e da Telebrasil, a principal promessa foi a abertura de grupos técnicos de discussão sobre o projeto. “Foi um grande passo”, comentou.
Mas até Valente, que vinha sendo o porta-voz das empresas neste assunto e questionava a viabilidade do projeto do governo, mudou o tom nesta sexta-feira. “Acho que a gente não pode dizer que entramos em consenso porque também não era correto dizer que havia um dissenso”, afirmou o executivo. Com relação à uma possível oferta direta pelo governo de banda larga à população, Valente disse que o assunto não foi vastamente debatido hoje, mas que não vê problemas nessa iniciativa desde que o Estado entre no mercado com as mesmas condições e restrições que as empresas privadas possuem.
Beneficiários
Para as empresas de TV por assinatura e de telefonia celular, a impressão após a apresentação feita pelo assessor especial da Presidência, Cezar Alvarez, e pela secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, foi ainda mais positiva. Na visão do presidente da Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg, as TVs pagas podem contribuir com o projeto de muitas formas, especialmente pela diversidade de redes que este segmento possui. “O plano de banda larga só pode afetar positivamente as empresas. As infraestruturas de cabo, MMDS e até de DTH podem gerar soluções muito importantes até porque resolver a massificação da banda larga não é uma tarefa para se fazer sozinho”, analisou, defendendo “conceitualmente” uma parceira público-privada nessa empreitada.
Já para o diretor de regulamentação da TIM, Mario Girasole, as móveis podem contribuir com o projeto usando a expertise em compartilhamento de infraestrutura que é marca deste segmento. “A solução para a massificação dos serviços é a dupla ‘compartilhamento no atacado e concorrência’. E todo o modelo de desenvolvimento do mercado móvel que gerou a grande expansão desse serviço é com base nesse compartilhamento de infraestrutura”, diagnosticou.
Girasole defende o interesse do governo em “acender” os 31 mil km em fibras óticas que compõem a malha das elétricas, disse que é uma vantagem para as teles e que a execução do PNBL é algo possível. “Todo mundo é beneficiário do plano do governo. É um discurso absolutamente viável porque ninguém faz sozinho algo desse tamanho. E ficar com essa fibra ótica apagada não me parece algo razoável”, avaliou. Uma possível oferta direta pelo governo também não é algo que assuste a TIM. “Em um sistema assim, as diferenças entre público e privado quase desaparecem”, comentou Girasole.