Gartner: Novas tendências exigirão mudanças no foco em TI
Ao mesmo tempo em que as empresas fazem planos para a recuperação econômica e se preparam para o retorno do crescimento, o foco das atenções neste ano deve ser para o impacto das mudanças críticas no equilíbrio do controle e do poder em TI. Com maior cuidado financeiro e regulatório para todas as decisões de investimentos nesta área, já que poucas organizações não serão afetadas. A análise é do vice-presidente do Gartner, Brian Gammage, ao comentar as principais tendências e eventos que mudarão a natureza dos negócios e, por tabela, o foco em TI.“Para muitas organizações, os desafios econômicos e orçamentários de 2009 levaram a importantes mudanças na governança geral das decisões de investimentos em TI, acelerando a tendência de uma maior prestação de contas e transparência”, diz, por seu lado, o vice-presidente de pesquisas do Gartner, Daryl Plummer.
O objetivo das previsões do Gartner é alertar os gestores a agirem e se posicionarem para aproveitar as vantagens das mudanças que se aproximam, e não serem prejudicados por elas. Entre as principais previsões da consultoria está a que aponta que, até 2012, 20% das empresas não terão ativos de TI. Segundo o estudo, muitas tendências inter-relacionadas estão impulsionando esse movimento de reduzir os ativos de hardware de TI, tais como virtualização, cloud computing e profissionais usando sistemas de desktops e notebooks em redes corporativas. A avaliação é que os orçamentos de TI vão se contrair ou serão realocados para projetos mais estratégicos.
O Gartner projeta ainda que dentro de dois anos as companhias de serviços de TI centralizadas na Índia vão representar 20% dos principais agregadores de cloud computing do mercado – por meio de ofertas de serviços em nuvem. A consultoria vê as companhias de TI indianas alavancando posições de mercado e os níveis de confiança estabelecidos para explorar modelos de crescimento de receita não lineares (que não estão diretamente correlacionados ao crescimento baseado no trabalho), além de concentrando esforços em pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de computação em nuvem.
Outro prognóstico é que, até 2012, o Facebook vai se tornar o hub para integração de redes sociais e socialização na web. Isso, segundo o estudo, será feito por meio do Facebook Connect e outros mecanismos similares, os quais terão papel fundamental no desenvolvimento da web social distribuída e interoperável. Outras redes sociais, incluindo o Twitter, vão continuar a evoluir, buscando maior adoção e especialização com áreas de comunicação e conteúdo, mas o Facebook representará um denominador comum a todas elas.
Meio ambiente
Um dado preocupante é que, em 2012, 60% das emissões de gases estufa na vida total dos PCs terão ocorrido antes que o usuário ligue a máquina pela primeira vez. O progresso no sentido de reduzir a energia necessária para montar um PC tem sido lento. Por todo o seu ciclo de vida, um PC típico consome dez vezes seu próprio peso em combustíveis fósseis, mas cerca de 80% do uso energético total de um PC ocorre durante a produção e o transporte.
A maior consciência entre os compradores e aqueles que influenciam a compra, a maior pressão dos rótulos ecológicos (eco-labels), as crescentes pressões de custo e a pressão social alertaram a indústria de TI para o problema das emissões de gases estufa. Agora, os pedidos de oferta (RFPs) buscam critérios relacionados ao ambiente nos produtos e nos fornecedores. A consciência ambiental e a pressão legislativa vão aumentar o reconhecimento das emissões de dióxido de carbono na produção e nas atividades de uso. Os fornecedores de tecnologias devem prever que lhes será solicitado que forneçam dados sobre as emissões de dióxido de carbono para um número crescente de clientes.
Além disso, até 2014, a maioria dos cases de negócios de TI vai incluir os custos da correção do carbono. As pressões econômicas e políticas para demonstrar responsabilidade pelas emissões de dióxido de carbono vão forçar mais empresas a quantificar os custos do carbono nos negócios. Os fornecedores terão que fornecer estatísticas sobre o ciclo de vida do carbono para seus produtos ou encarar a erosão de sua participação no mercado. A incorporação dos custos do carbono nos negócios vai apenas acelerar levemente os ciclos de substituição.
Dentro de quatro anos, o Gartner projeta também que mais de 3 bilhões de pessoas poderão efetuar transações eletronicamente via celulares ou internet. O estudo aponta que, até 2014, haverá uma taxa de penetração de dispositivos móveis de 90% e 6,5 bilhões de conexões móveis. A penetração não será uniforme, pois continentes como a Ásia (excluindo-se o Japão) verão uma penetração de 68% e a África, 56%. Embora nem todas as pessoas que tenham um celular ou acesso à internet vão efetuar transações eletrônicas, cada uma delas poderá fazer isso. As transações em dinheiro continuarão a ser dominantes nos mercados emergentes até 2014, mas as bases para as transações eletrônicas estão em andamento para a maioria do mundo adulto.
“Sujeira” eletrônica
Apesar dos esforços internacionais para eliminar spams, as “sujeiras” de marketing são abundantes em todos os canais de marketing. A pressão por uma maior prestação de contas significa que a reação de consumidores incomodados vai provavelmente direcionar a legislação para regulamentar o marketing pela internet. Conforme prevê o estudo, o marketing via internet será regulamentado até 2015, controlando mais de US$ 250 bilhões em gastos mundialmente. Diante disso, as companhias que focam a internet primariamente com objetivos de marketing deverão se ver impossibilitadas de comercializar com os clientes de forma eficaz, colocando-se em desvantagem competitiva quando as novas leis entrarem em vigor. Apesar do alto crescimento, os fornecedores que se concentram unicamente e vendem predominantemente soluções de marketing via internet vão se defrontar com um mercado em declínio, pois as companhias vão dirigir os fundos de marketing a outros canais para compensar.
Até 2015, o contexto será tão influente para os serviços móveis de consumo e relacionamento quanto os mecanismos de busca são para a web. O contexto vai se concentrar em padrões de observação, particularmente a localização, presença e interações sociais. Além disso, embora a busca tenha sido baseada em um conjunto de informações da web, os serviços enriquecidos com contexto vão, em muitos casos, pré-propagar ou extrair informações para os usuários.
A posição mais poderosa no modelo de negócios de contexto será a de um provedor de contexto. Provedores de web, dispositivos, plataformas sociais, serviços de telecomunicação, fornecedores de software e fornecedores de infraestruturas de comunicação vão competir para se tornarem provedores de contextos significativos nos próximos três anos. Qualquer fornecedor da web que não se torne um provedor de contexto arrisca-se a ceder a propriedade efetiva do cliente a outro provedor de contexto, que vai impactar os negócios clássicos e móveis dos fornecedores.
Por fim, o estudo aponta que, até 2013, os telefones celulares vão ultrapassar os PCs como dispositivo mais comum para acesso à web. De acordo com as estimativas do Gartner, o número total de PCs em uso chegará a 1,78 bilhão de unidades naquele ano. Além disso, a base instalada combinada de smartphones e telefones equipados com navegadores vai ultrapassar 1,82 bilhão de unidades e, dali em diante, será maior do que a base instalada de PCs.
Tipicamente, os usuários de dispositivos móveis estão preparados para dar menos cliques em um site web do que os usuários que acessam em um PC. Embora um número crescente de sites e aplicações baseadas na web ofereça suporte para dispositivos móveis pequenos, muitos ainda não o fazem. Os sites que não forem otimizados para formatos de tela menores vão se tornar uma barreira de mercado para seus proprietários – muito conteúdo e muitos sites terão que ser reformatados/reconstruídos.