Marcelo Branco foi liberado para “tuitar” reunião de Lula
Sem dizer de quem partiu a autorização, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, isentou o representante da Associação Software Livre.org, Marcelo Branco, da responsabilidade de ter vazado indevidamente no Twitter, algumas declarações do presidente Lula sobre o Plano Nacional de Banda Larga. Lula esteve reunido nesta terça-feira, 02/02, com representantes da “sociedade Civil” para discutir o tema no Centro Cultural do Banco do Brasil.“Reunião tornou-se descontraida. Marcelo Branco pediu e foi autorizado a usar celular e laptop para fotografar e postar informações e fotos”, disse Paulo Bernardo no Twitter. O ministro do Planejamento também revelou em seu microblog que se soubesse antecipadamente da liberação, teria divulgado a informação para outras pessoas poderem acompanhar a reunião em tempo real.
“Não sabiamos que a reunião do PNBL seria aberta para os ‘tuiteiros’. Sabendo, poderiamos ter divulgado a lista deles antes, para a galera acompanhar”, declarou o ministro. Durante a reunião, o presidente Lula tornou oficial a intenção do governo de reativar a Telebras como gestora da rede de banda larga federal. Marcelo Branco postou mensagem com a seguinte declaração do presidente: “Depois de muito trabalho conseguimos conquistar de novo a Eletronet. Queremos fazer a Telebrás voltar a funcionar”.
Bovespa
Nesta quarta-feira,03, espera-se uma nova movimentação atípica com as ações da Telebras na Bovespa, as quais desde 2007 vêm sofrendo oscilações, à medida em que alguma informação é publicada na imprensa. De lá para cá, jornalistas têm sido constantemente assediados por investidores, sempre interessados em divulgar informações de bastidores que possam de alguma forma contribuir para manter a cotação desses papéis em alta.
No último dia 27 de janeiro, o presidente da Telebras, Jorge da Motta e Silva, recebeu correspondência do Gerente de Acompanhamento de Empresas da Bovespa, Nelson Barroso Ortega, que indagava da direção da estatal, se entre os dias 13 e 27 de janeiro deste ano teria ocorrido ‘algum fato’ que justificasse um aumento no número de negócios com as ações da Telebras (ordinárias e preferenciais).
Cópia dessa correspondência também foi endereçada à Comissão de Valores Mobiliários para conhecimento de Elizabeth Lopez Rios Machado (Superintendência de Relações com Empresas) e Waldir de Jesus Nobre (Superintendente de Relações com o Mercado e Intermediários).
Em resposta, no dia 29 de janeiro, Jorge Motta, informou que desconhecia fatos que pudessem justificar as oscilações com as ações da companhia. “Já expedimos correspondência ao Excelentíssimo Senhor Ministro das Comunicações solicitando esclarecimentos necessários para responder à CVM no prazo designado (cinco dias), objetivando informar ao Mercado”, informou o presidente da Telebras. O prazo para apresentar novas informações termina nexta sexta-feira (05).
Na mesma correspondência, Motta aproveita para culpar a imprensa pela especulação com as ações da Telebras: “Entretanto, julgamos que, dentre os possíveis fatos para a forte e clara especulação que vem ocorrendo, pode ser a repercussão do vasto noticiário veiculado pelos órgãos de imprensa, sobre assuntos de políticas de telecomunicações e intenções governamentais de projetos, assuntos estes recorrentes desde 2007”, afirmou.
Já nesta terça-feira, 02, as ações da empresa tiveram alta de mais de 10%, somente com a informação de que haveria a reunião de Lula para discutir o PNBL. Nesta quarta, espera-se nova movimentação desenfreada com esses papéis. Ainda mais depois que o presidente da República – mesmo que por via não convencional – tornou oficial a reativação da Telebras. A imprensa não obteve informações oficiais sobre os resultados da reunião.
A ‘fonte’
O presidente da Telebras, Jorge Motta, já foi punido no ano passado pela CVM com advertência, pelo fato de ter comentado certa vez de que não sabia de onde partiam informações sobre reativação da companhia. Foi inédita a punição, pois na época a CVM foi rápida em aplicar a punição contra Motta – por aquilo que não fez – mas até hoje continua devendo uma resposta ao mercado sobre a decisão que tomou contra o ministro das Comunicações, Helio Costa, por ter sido o primeiro autor de informações sobre Telebras.
Agora Motta terá a oportunidade de ouro de limpar a sua ficha no mercado de capitais. Como tem prazo até sexta para responder á Bovespa, ele poderá apontar com absoluta certeza, o nome da nova ‘fonte’, além do suposto ‘jornalista’ e do ‘veículo de comunicação’ que vazou a mais recente declaração do presidente Lula.
Inclusive o presidente da Telebras desta vez conta com o testemunho de um ministro de Estado que chegou a confessar na Internet, que por falta aviso prévio, não pode divulgar o conteúdo da reunião para “a galera”.