Derrotar a ditadura das big techs
Na lista da Forbes com as maiores fortunas do mundo, divulgada semana passada, os três primeiros lugares são de Elon Musk (X e Tesla), Mark Zuckerberg (Meta) e Jeff Bezos (Amazon). Juntos, os três somam uma riqueza de 773 bilhões de dólares.
Não é coincidência que sejam proprietários de big techs, as mesmas que atacam o Projeto de Lei 2630/20, de regulação das big techs, e o PL 2338/23 sobre inteligência artificial (IA) no Brasil.
Desde 2022, o quadro nas big techs é de demissões em massa (cerca de 280 mil de 2022 a 2024) com consequências graves em toda a cadeia produtiva. As big techs são as principais empresas do capitalismo atual. Lucram trilhões de dólares, demitem, precarizam, mentem, impõem a ditadura do que pode ou não ser visto.
“Ao que tudo indica, a queda do investimento em recursos humanos põe em risco o compromisso com a ética no uso de recursos de IA no ambiente digital” afirma Ana Mielke, jornalista, coordenadora do Intervozes e secretária de formação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
Cada vez mais as big techs se unem ao que há de mais conservador e reacionário na política nacional e internacional. Apoiam a extrema direita e se colocam contra os trabalhadores e seus sindicatos.
Em carta, de 23 de fevereiro de 2025, apoiando a tramitação do PL 2338/23 a Coalizão Direitos na Rede destacou: “O avanço do PL 2.338/2023 na Câmara representa uma oportunidade para consolidar uma regulação da IA que equilibre inovação, proteção de direitos e segurança jurídica. Neste momento crucial, o foco deve estar no aprimoramento do texto já aprovado pelo Senado, garantindo que o Brasil adote um marco regulatório robusto e eficaz, sem retrocessos ou fragmentação do debate”.
Um dos aprimoramentos se refere ao mundo do trabalho, pois durante a tramitação no Senado “um retrocesso grave também foi notado no artigo sobre proteção aos trabalhadores (…) Especialmente, foram excluídas regras que garantiam a ‘supervisão humana em decisões automatizadas de punições disciplinares e dispensa’ e coibiam a ‘demissão em massa ou substituição extensiva da força de trabalho’. As mudanças acabam com mecanismos fundamentais para proteger trabalhadores dos efeitos negativos da introdução de sistemas de IA”.
Ou seja, as big techs e seus aliados conseguiram colocar no Senado restrições ao PL 2338/23, em detrimento da maior parte da sociedade.
Temos que continuar a luta na Câmara Federal para garantir uma inteligência artificial que expresse os direitos humanos e minimize os riscos para a sociedade e para os trabalhadores. A construção da democracia brasileira passa por derrotar a ditadura das big techs.
Instituto Telecom, Terça-feira, 8 de abril de 2025
Marcello Miranda, Especialista em Telecom