Nossa Opinião: Os algozes da ditadura e seus filhotes ainda estão aqui

mar 11, 2025 by iTelecom

O Brasil ganhou o primeiro Oscar com o filme Ainda estou aqui. A grande atriz Fernanda Torres declarou sobre Eunice Paiva: “na hora que o Brasil volta a namorar com o autoritarismo, parece que o Brasil esqueceu o que aconteceu com ele, esqueceu o que foi a luta pela democracia. Essa mulher que demorou 26 anos para fazer o Estado admitir que havia matado o marido dela por tortura, começa a ter Alzheimer como o Brasil, o Brasil sofre um processo de esquecimento, então a Eunice e Brasil são sinônimos. Então trazer essa mulher de volta é importantíssimo, foi o que Marcelo Rubens Paiva fez e é o que o filme faz”.

Não podemos esquecer os anos de ditadura (1964 a 1984), nos quais os militares prenderam, torturaram e mataram milhares de cidadãos que lutavam pela democracia.
Preservar a memória, a comunicação transparente e ética é essencial para o país. Por isso temas estratégicos, que democratizam as (tele)comunicações e o Brasil, têm que estar sempre presentes nas nossas pautas.

Dentre eles, destacamos:

1) A convocação da Segunda Conferência Nacional das Comunicações.
2) A regulação pública das big techs, que estão à margem de qualquer regulação pública.
3) A regulação dos sistemas de inteligência artificial (IA) com a aprovação do PL 2338/23, que nos coloca em diálogo internacional do ponto de vista regulatório e tecnológico, com obrigações e medidas de governança; institui direitos a pessoas afetadas pela tecnologia, garante compromisso de tolerância zero contra IAs que criem ou disseminem conteúdo de abuso e exploração sexual infantojuvenil; a responsabilização dos agentes da cadeia; e a criação de uma estrutura fiscalizatória.
4) A derrubada dos Jardins Murados que confinam uma parcela enorme da nossa população a jardins do ódio e da ignorância, com acesso à internet limitado a bolhas de trocas de mensagens nas quais a alienação, a ignorância, o ódio e as notícias mentirosas fortalecem uma realidade distorcida.
5) Banda larga nas escolas. Há, no mínimo, uma verba de cerca de R$ 8,8 bilhões e ninguém sabe se esse valor é suficiente para levar conectividade para todas as escolas. Nem a Anatel nem o Ministério das Comunicações.
E ainda há a dívida das operadoras Oi, Vivo, Algar e Sercomtel que desde 2008 não cumprem as obrigações dos contratos de concessão de colocar banda larga em todas escolas públicas urbanas.
É preciso quantificar esse valor, que acabou sendo apropriado indevidamente por essas concessionárias.

Esses cinco exemplos de lutas são fundamentais para que a ditadura tecnológica, política, social, econômica não seja esquecida.
A nossa democracia é produto da luta, da disposição e sacrifício de homens e mulheres corajosos. E os algozes da ditadura e seus filhotes da extrema direita ainda estão aqui.

Vamos às lutas! E viva o Cinema Nacional. Viva Walter Salles, Eunice Paiva, Fernanda Torres!

Instituto Telecom, Terça-feira, 11 de março de 2025
Marcello Miranda, especialista em Telecom