Por Internet rural, governo acena com ajuda financeira às teles
O governo acenou com incentivos e facilidades financeiras às operadoras de telecomunicações em troca da antecipação e mesmo ampliação de metas de cobertura de voz e dados na área rural. Na mira estão especialmente cerca de 10 mil distritos do país onde até hoje não existe qualquer tipo de serviço de telecom.
“Tivemos uma conversa para conferir o que [as operadoras] estão planejando para a implantação de telefonia e Internet na área rural, com a possibilidade de antecipar prazos”, afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que aproveitou o Painel Telebrasil 2013 para tratar do tema diretamente com os presidentes das teles.
“Foi uma discussão mais para pensarmos um pouco nas tecnologias possíveis”, disse o presidente da Telefônica/Vivo, Antonio Carlos Valente. “É um pontapé inicial. Vamos aprofundar essas questões com o Ministério”, emendou o presidente da Claro, Carlos Zenteno.
Como lembrou o ministro, as empresas tem obrigações de cobertura cuja primeira meta vence em meados do próximo ano, assumidas com o leilão das faixas de 450 MHz e 2,5 GHz, em 2012. O primeiro passo é levar voz e Internet, em 30% dos municípios, a até 30km do centro.
“Em algumas regiões, chegar a 30km dos municípios atinge a quase todos. Em outras, como o Norte, um distrito pode muito bem ficar a mais de 100 km da sede do município”, disse Bernardo. “Pode ser pouco percentualmente, mas é um grande número de pessoas”, emendou.
Nas contas do IBGE, cerca de 15% dos brasileiros vivem na área rural – um universo de aproximadamente 30 milhões de pessoas. A Anatel estima que com o limite de 30km das sedes municipais, 80% dos domicílios rurais serão atendidos pela cobertura de telecomunicações. Significa que pelo menos seis milhões de pessoas continuarão sem acesso algum.
Para antecipar as metas – a cobertura gradativa da área rural só termina em dezembro de 2015 – e fazer os serviços alcançarem também os mais distantes, o Minicom acenou com linhas de crédito. As teles querem por as mãos nos fundos setoriais – rubricas que recolhem mais de R$ 7 bilhões por ano.
Mas ainda que a parte financeira seja boa parte da dificuldade, ela não é a única. Mesmo fabricantes que terão equipamentos LTE para a faixa de 450 MHz até o início do próximo ano, como a chinesa Huawei, indicam que não haverá ERBs que funcionem em mais de uma frequência para instalar nessas regiões. De outro lado, os terminais também serão mais caros.
O quão mais caro ninguém arrisca por enquanto. “Se for 5% mais caro, dá para resolver. Se for o dobro do preço, complica”, admite o ministro. De fato, o Ministério do Desenvolvimento Agrário estima que o rendimento médio do campo é de apenas 45% daquela das regiões urbanas.