Smart Grid: Empresa dos EUA aposta em energia elétrica por demanda no Brasil
A norte-americana Silver Spring Networks desembarca no país através de parceria com a mineira Axxiom, mas tem planos de abrir filial própria num médio prazo. Empresa, no entanto, já contrata profissionais brasileiros para atuarem nos Estados Unidos, revela em entrevista por e-mail ao Convergência Digital, o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios, John O’Farrell.Um dos desafios da companhia é aguardar a regulamentação do uso das redes elétricas inteligentes, em especial, os medidores inteligentes, os smart meters. Para expandir nos países emergentes, a Silver Spring Networks captou US$ 100 milhões no final de 2009. O Brasil é o segundo país onde a empresa quer marcar presença fora dos Estados Unidos. O primeiro foi a Austrália.
Aqui, para garantir conhecimento do mercado e das peculiaridades do país, a Silver Spring fechou uma parceria, no final do ano passado, com a mineira Axxiom. “As concessionárias de energia brasileiras, numa comparação com às da Rússia, Índia e China, são bem mais desenvolvidas. Houve um investimento em tecnologia. Por isso, acreditamos que no Brasil, o uso do smart grid acontecerá mais cedo do que nesses outros países do chamado BRIC”, salienta Farrell. Não à toa, a empresa está contratando profissionais brasileiros e levando para atuar nos EUA, para capacitação e treinamento.
De acordo ainda com o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios, há dois pontos importantes para o investimento em energia no Brasil: o aumento da demanda, que determina um risco maior de ‘apagões’ e o roubo de energia, o chamado ‘gato’, que segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, proporciona uma perda de R$ 7.6 bilhões.
Os medidores inteligentes, assegura Farrell, são uma opção concreta para evitar fraudes. E para o executivo, a migração dos medidores analógicos pelos inteligentes é medida inevitável, e acontecerá num médio prazo no Brasil e em outros países.
“Nos Estados Unidos, a troca foi determinada para que o consumidor tivesse maior informação quanto ao seu consumo de energia”, conta Farell. “Mas trouxe uma vantagem que é a venda de energia por serviço efetivo – mais barato nos horários de maior demanda, e mais caro nos de pico. Esse modelo será replicado em outros países, e acreditamos que tem bastante espaço no Brasil”, preconiza o executivo.
Estudo feito pelo Electric Power Research Institute, órgão americano responsável pelo estudo de energia elétrica nos Estados Unidos, revela que a tecnologia smart grid reduz as emissões de carbono em 25%. A economia representa 10% de todas as emissões de CO2 no país e corresponde a 140 milhões de carros a menos nas ruas.
O levantamento constata ainda que as redes inteligentes de energia elétrica também provocam uma redução no consumo de energia em 15% a consumidores residenciais e industriais. Ainda nos EUA, os números do Departamento de Energia do país apontam, ainda, que a demanda por energia elétrica deve aumentar em cerca de 40% até 2030.
No Brasil, a Aneel, desde novembro do ano passado, trabalha na elaboração de um novo regulamento sobre medição eletrônica que prevê a troca dos 63 milhões de relógios de eletricidade nas residências do país. O objetivo é tornar a rede mais inteligente e, portanto, menos suscetível à falha.