TICS na copa: video em 8K. Apps para o torcedor. 4G e fibra. Um mundo de soluções.
Quando um brasileiro paraplégico, usando um exoesqueleto, andar pelo campo e der o pontapé inicial no jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014, no estádio Itaquera, nesta quinta-feira (12) em São Paulo, o mundo terá uma mostra das tecnologias que estão por trás de diversas atividades da competição mundial.
A veste robótica movida por sinais cerebrais, projeto liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, será uma exibição inédita, mas não é a única a estrear no evento. Redes de alta capacidade, soluções de última geração, equipamentos de segurança, aplicações que facilitam a vida do torcedor, especialmente do que vem de outro país, e transmissão de jogos em tecnologia 8k, mesmo que sem o mesmo impacto, estarão em uso e, o mais importante, ficarão em grande parte de legado.
“Em termos tecnológicos, o Brasil sairá da Copa com muitos ganhos”, avalia o diretor executivo do SindiTelebrasil, Eduardo Levy. Ele se refere especialmente ao esforço das operadoras móveis, que investiram mais de R$ 1,3 bilhão no aumento médio de 28% da infraestrutura existente no país. Foram instaladas mais de 15 mil novas antenas 3G e 4G, 120 mil pontos de WiFi pelas cidades-sede dos jogos e 10 mil km de fibras ópticas. Nas arenas, estará disponível para os torcedores toda a capacidade de espectro das prestadoras nas tecnologias 2G, 3G e 4G. A NetApp calcula que o tráfego de dados na Copa atinja 12,6 TB, enquanto que o tráfego registrado na Copa da Alemanha, em 2006, foi de 30 GB. Só na última partida, a expectativa é de que 74 mil torcedores compartilhem vídeos HD com 1 minuto de duração.
Conectividade
A Oi, operadora oficial da Copa, além de reforçar o sinal para clientes do varejo, também fornecerá conexão de internet para os 20 mil profissionais de mídia que farão a cobertura do evento, garantindo, assim, que a imprensa mundial transmita suas notícias pela rede da companhia para os cinco continentes. Os serviços de conectividade da empresa serão fornecidos nas salas de imprensa dos 12 estádios do mundial, além do Centro Internacional de Transmissão (IBC, na sigla em inglês), e serão utilizados também pelas delegações da Fifa, do Comitê Organizador Local e das seleções participantes do torneio. Somente na Copa das Confederações, por exemplo, 145 terabytes de dados passaram pela rede da Oi, com mais de 3 mil jornalistas conectados nas seis cidades-sede, informou a companhia.
Para assegurar o cumprimento de serviços de qualidade oferecidos pelas operadoras de telecomunicações do Brasil durante a Copa do Mundo, a Alcatel-Lucent organizou uma força-tarefa e está trazendo ao país um time de especialistas da Europa e dos Estados Unidos, que irá garantir o suporte às redes devido à forte demanda de dados. Alinhado a isso, a empresa inaugurou, no final de maio, um laboratório de roteamento e transporte IP, localizado em São Paulo e pronto para atender clientes de toda a América Latina. A empresa também contribuiu para a infraestrutura de três estádios construídos para a Copa do Mundo: Arena Pantanal (Cuiabá), Arena das Dunas (Natal) e Maracanã (Rio de Janeiro). A Cisco também forneceu, por intermédio de seus parceiros de negócios, soluções de rede para a infraestrutura temporária necessária para suportar a operação da Fifa e fornecer serviços para a mídia durante os jogos no Brasil.
Tráfego
Estudos da Ericsson realizados durante a última Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, apontaram que houve um aumento de 40% no serviço de voz comparado ao mês anterior ao início dos jogos e, na época, o uso dos serviços de dados foi 10 vezes maior que o padrão. Essa demanda, que prevê ser ainda maior nesta edição do evento, exigirá um bom desempenho da rede não só nos estádios, mas em locais estratégicos para a organização da Copa, como centros de imprensa, aeroportos e espaços oficiais destinados à transmissão dos jogos. Neste sentido, a Ericsson trabalhou na implementação de uma solução que foi projetada para ajudar as operadoras na manutenção de elevados níveis de serviço, além de fornecer competências nas áreas de planejamento, design, implementação, otimização e gerenciamento de falhas.
E a transmissão do sinal de TV dos jogos passará pela rede de alta capacidade construída pela Telebras, que investiu perto de R$ 90 milhões. A infraestrutura de fibra óptica, que interliga as 12 arenas ao IBC no Rio de Janeiro, com links redundantes de 30Gbps. Segundo a estatal, essa capacidade garante uma qualidade acima do praticado hoje no mercado de telecomunicações, que, conforme exigência da Fifa, atinge o patamar mínimo de disponibilidade de 99,99%. A tecnologia utilizada pela Telebras para iluminar as fibras é o DWDM (Dense Wavelengh Division Multiplexing), com equipamentos desenvolvidos no país, e que permite a transmissão simultânea de diversas programações em alta definição (HDTV). Ao final do evento, essa rede será usada para a expansão do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).