Tim Brasil no centro do plano de reestruturação da Tim Italia
A confirmação por Anatel e Cade de que a TIM Brasil, ao lado de Claro e Vivo, podem comprar a Oi Móvel colocou a unidade brasileira em posição de destaque no plano de reestruturação elaborado por Pietro Labriola para o Grupo TIM, da Itália.
O negócio de R$ 16,5 bilhões, dos quais R$ 7,3 bilhões serão desembolsados pela TIM Brasil, acrescentará 14,5 milhões clientes à carteira da operadora e 49 MHz de espectro. Com esses ativos, a tele poderá fazer frente às rivais Claro e Vivo, detentoras de mais frequências e com mais clientes.
Os detalhes do plano de Labriola para a reestruturação do Grupo TIM ainda não foram apresentados, mas o executivo já informou ao Conselho de Administração que o Brasil é ponto focal.
A unidade, avisou, vai se beneficiar enormemente das sinergias resultantes da compra de fatia da Oi Móvel, da chegada da 5G e da estratégia de parcerias com participação societária, como a estabelecida com o C6 Bank no futuro próximo.
Embora tenha identificado a importância da TIM Brasil para trazer crescimento ao grupo, Labriola ainda não definiu qual o melhor destino da unidade. O plano, a ser apresentado na versão final em 2 de março ao conselho de administração, vai identificar qual o melhor modelo a fim de garantir “inovação, lucratividade e criação de valor”, informou hoje a TIM Itália. Em suma, o grupo não descarta, ao menos por enquanto, a venda de quaisquer ativos.
“O Conselho de Administração reitera que o CEO continua a explorar opções estratégicas, inclusive alternativas que vão além da integração vertical, como anunciado em 26 de janeiro”, resume a cúpula da companhia. Em 26 de janeiro, o board deu carta branca para Labriola elaborar um plano industrial com possíveis desinvestimentos.
A missão de Labriola não é prosaica. Tanto que o executivo acaba de chamar Adrian Calaza para reforçar seu time lá na Itália. Calaza conhece bem a unidade brasileira. Foi CFO da TIM Brasil de 2016 até setembro de 2021, quando renunciou ao posto para comandar a área financeira do Grupo Arcor, na Argentina. Menos de seis meses depois, volta às telecomunicações, agora para ajudar na reestruturação da TIM Italia, a principal operadora italiana.
Outra área classificada como fonte fundamental de receitas para o Grupo TIM por Labriola foi o atendimento a grandes clientes corporativas nos segmentos de nuvem, internet das coisas e cibersegurança. Neste caso, a estratégia busca surfar na digitalização da Itália, uma prioridade do plano de recuperação do país após a pandemia de Covid-19.
O plano de Labriola deverá ser uma alternativa à proposta de aquisição do Grupo TIM por quase € 12 bilhões feita pelo fundo norte-americano KKR. Um comitê definido pelo Conselho de Administração trabalha à margem dos trabalhos do CEO para analisar riscos, vantagens e desvantagens desse negócio.
Rafael Bucco, Tele Síntese, 14 de fevereiro de 2022