TIM reafirma flexibilidade financeira e garante que quer ser protagonista no mercado
Por inúmeras vezes durante a conferência para investidores e jornalistas nesta quarta-feira, 5, o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, precisou reiterar que a operadora está em “posição sólida” e que não há qualquer contato de interessados ou discussão com a controladora Telecom Italia para uma possível venda. Pelo contrário: a intenção da empresa é a de assumir o papel agressivo no mercado brasileiro.
“Nosso plano é de seguir tendo a TIM como protagonista no cenário brasileiro de telecomunicações. Existem e existirão várias especulações no cenário desde o ano passado, mas nosso foco tem sido em entregar resultados e fazer preparação do plano da companhia para nosso crescimento futuro”, afirmou o presidente da operadora. Ele afirma que a posição é “inequívoca” e que tem capacidade de permanência em longo prazo. “Quando olhamos a posição de outras empresas, a TIM é uma das mais bem posicionadas no cenário brasileiro de telecom hoje. E isso que vamos fazer com mostras de comprometimento como investimento em 4G e o plano trienal”.
Uma estratégia de consolidação pode ainda não estar definida, mas Abreu garante que a companhia está de olho no que vem acontecendo no mercado. “Temos, sim, acompanhado toda e qualquer possibilidade estratégica de movimento que seja adicional ao nosso plano principal, que é a de execução dos próximos anos, mas não significa que não estejamos atentos a outras possibilidades estratégicas”, diz. Ele justifica que prova disso foi o interesse na GVT, transação (que acabou não dando certo na concorrência com a Telefônica) que a empresa avaliou como “contraproducente” pelo valor pretendido.
Quando perguntado diretamente se uma das intenções da TIM seria em uma eventual fusão com a Oi – possibilidade levantada nesta quarta-feira pela associação de acionistas minoritários da Telecom Italia, Asati –, Rodrigo Abreu não comentou diretamente, mas apenas assegurou que a posição da operadora não seria de mercadoria. “Não conheço todo o planejamento da Oi, mas posso garantir que, para nós, (a posição de protagonismo) já está bastante estabelecida”.
De qualquer forma, o trabalho de prospecção no mercado existe. O executivo confirmou que o Bradesco continua como um dos “assessores financeiros” da operadora.
Causa
Essa segurança tem um porquê. A companhia reduziu em 45% a dívida líquida, que em setembro era de R$ 791 milhões, o que significa que a relação dívida líquida/EBITDA nos 12 meses ficou em 0,14x. “Operamos com uma margem de liquidez absolutamente tranquila, está dando resultados importantes, e isso significa ter acesso ao crédito bancário, o que é importante e absolutamente saudável”, declara o diretor financeiro da TIM, Guglielmo Noya. A TIM chegou a considerar aumento nos investimentos, até pela intenção de compra da GVT, mas que a ideia é deslocar esse investimento para sustentar a demanda por dados.
Contribui também o projeto de venda de torres, que ajudará a dar flexibilidade no caixa. “O processo de venda inclui sim a base de torres 4G, é uma base de discussão bastante intensa e deve ser concluída até o final do ano”, declarou Rodrigo Abreu. Ele explica que a companhia pretende fazer uma transferência de recursos, passando os ativos em áreas que não considera estratégicas para outras com maior retorno e importância: ou seja, vender o portfólio atual de antenas vai gerar valor para poder ser investido em infraestrutura para o crescimento. “Acreditamos sim que vai haver necessidade de expansão, e uma parte dos acordos é justamente no acesso a um portfólio existente”, declara, dizendo que o preço de cada site vai depender de compromissos futuros em relação ao leaseback.
Pendências
Em relação ao leilão de 700 MHz, a TIM afirma que adquiriu o lote que queria por apresentar melhores “disponibilidades de equipamentos em duas frequências”. A forma de pagamento dos R$ 1,947 bilhão ainda não foi definida. “A análise está sendo feita do ponto puramente financeiro, (os diretores) estão discutindo conosco o cabimento de todas as opções, seja pagamento a vista ou nas condições apresentadas pela Anatel”, disse Abreu. A decisão terá que ser tomada logo: a assinatura do contrato deverá ocorrer até o final do mês.
Já o acordo de RAN Sharing com a Oi na faixa de 2,5 GHz “continua bem sucedido”, ainda que a participação de mercado e mesmo número de antenas das operadoras seja discrepante – em São Paulo, por exemplo, a TIM conta com 795 estações radiobase 4G, contra 728 da Oi. “O acordo é sim equivalente ao em investimento dos dois lados, o número de antenas poderia ser igual. Mas acontece só no rádio e na antena, não necessariamente precisa ter o mesmo número de ativações. Pode ter (mesma quantidade), mas não está ativado, licenciado de maneira individual para cada operadora. Em tese, deveria ser um acordo bastante proporcional”.
Rodrigo Abreu garante ainda que a disputa pela renovação da licença da faixa de 1,8 GHz na Anatel (e que também envolve a Oi) é uma mera “questão burocrática”. Ele ressalta que já conseguiu um voto favorável do conselheiro Jarbas Valente, apesar de o presidente da agência, João Rezende, ter pedido vistas. “Achamos que é um processo burocrático e estamos para assegurar no próximo mês ou nos próximos meses. Não deveria ser algo para se preocupar”, declara.