Vivendi promete dar fôlego novo à GVT

mar 3, 2010 by

VivendiOperadora ganha vigor financeiro para avançar geograficamente com mais velocidade; além da chance de entrar no mercado de IPTV.

A surpreendente aquisição da GVT pela Vivendi, em novembro do ano passado, promete trazer ainda mais dinamismo a um setor vigoroso por natureza, seja por conta de lançamentos, inovações tecnológicas, concorrência acirrada por clientes e inúmeras disputas corporativas. O fato é que, como controlada do grupo francês, a operadora criada em 1999 como empresa-espelho da Brasil Telecom passa a contar com nova capacidade de investimento – recentemente, a Vivendi anunciou a destinação de 250 milhões de euros à operação brasileira.

O orçamento apresentado ao novo conselho diretor da GVT mantém as metas estabelecidas antes do negócio com a Vivendi, mas Pinto admite que o planejamento possa passar por mudanças nos próximos meses. “Ao longo de 2010, esperamos submeter ao novo conselho um plano para este ano e para os anos seguintes para acelerar um pouco nossa expansão geográfica”, diz vice-presidente de marketing e vendas da empresa, Alcides Troller Pinto.

O avanço para novas localidades seguirá a estratégia de entrar em grandes grupos de cidades, como a empresa fez ao lançar sua operação simultaneamente em Vila Velha, Vitória e Cariacica, no Espírito Santo, região com 1,6 milhão de habitantes. Os investimentos previstos pela GVT em 2010 para isso somam 850 milhões de reais.

O avanço para novas cidades inclui também a chegada, ainda este ano, à capital fluminense e ao Estado de São Paulo, onde a operadora atua exclusivamente no mercado de grandes empresas. “Entrar nos Estados de Rio de Janeiro e São Paulo é condição básica na intenção da GVT de ser uma operadora nacional, mesmo sem ter cobertura em todas as cidades”, observa Pinto.

IPTV e MVNO

O diretor de comunicação e desenvolvimento sustentável da Vivendi, Simon Gilham, confirma que a controladora poderá injetar mais capital na GVT no caso de oportunidades classificadas pelo executivo como “especiais”. Algumas dessas chances podem ser o ingresso no mercado de IPTV e o surgimento de uma operação móvel da GVT, seja por meio da aquisição de licença própria, ou dentro do modelo de operadora virtual (da sigla em inglês, MVNO – Mobile Virtual Network Operator).

A Vivendi tem experiência nas duas áreas. A empresa, que se apresenta em seu website como “líder global em comunicações e entretenimento”, detém o controle de duas companhias de telecomunicações: a fixa Maroc Telecom Group, que atua no Marrocos, e a SFR, segunda operadora da França, com ofertas de telefonia móvel e fixa, além de banda larga.

Quanto ao mercado de IPTV, a Vivendi conta com know how e conteúdo. É dona do Canal+ Group, com 10,6 milhões de assinantes, que atua no setor de TV paga francês e também na produção e distribuição de filmes. A Vivendi também detém 20% da empresa de mídia norte-americana NBC Universal. Outros conteúdos multimídia cada vez mais desejados por usuários de banda larga compõem o portfólio de negócios do grupo, que controla a Activision Blizzard, do segmento de videogames, e a Universal Music Group, de música.

O vice-presidente de marketing e vendas da GVT afirma que a empresa ainda não decidiu a respeito da entrada no mercado de mobilidade. Mas uma oferta do tipo complementaria o portfólio de soluções da empresa, que hoje é especialmente forte em banda larga e telefonia fixa. Alcides Pinto conta que a operadora vem acompanhando a consulta pública sobre a banda H, que deverá ser colocada em leilão ainda este ano para interessados em prestar serviços de telefonia móvel, bem como a iminente regulamentação das operadoras virtuais. Mas ainda não há decisão sobre qual delas é mais viável.

O raciocínio vale também para o ingresso da operadora no mercado de IPTV, destaca Pinto. Embora Gilham afirme que a GVT deseja entrar neste segmento tão logo a regulamentação esteja pronta, o vice-presidente de marketing e vendas da operadora ressalta que essa regulamentação terá de garantir um modelo de negócios viável para que a GVT se anime a ingressar no setor. Este ano, o debate em torno do projeto de lei 29 (PL 29) volta ao Congresso Nacional. O documento trata da regulamentação do setor de TV por assinatura, unificando diversas tecnologias, que hoje são tratadas separadamente. O projeto também inclui a entrada das teles no segmento, rompendo uma barreira que há tempos as operadoras querem ultrapassar.

Mil e uma possibilidades

A cereja no bolo da GVT, pode sim ser a sinergia com outras empresas controladas pela Vivendi. Fazer parte de um grupo com uma composição que reúne players de conteúdo variados e operadoras dá à GVT um posicionamento privilegiado no mercado nacional, porque a empresa passa a ter ao alcance das mãos um leque de produtos de entretenimento aliado a uma rede de qualidade. Todas as operadoras com atuação no Brasil vêm se movimentando neste sentido, mas nenhuma delas tem uma oferta tão completa (que inclua jogos, TV, música) quanto a que a GVT passará a ter com a venda para a Vivendi.

As oportunidades podem surgir de parcerias com qualquer das marcas sob o guarda-chuva do grupo francês. “Naturalmente, tenho a expectativa que possamos enriquecer toda a nossa oferta com a diversidade da Vivendi, que trabalha na cadeia de valor inteira”, admite Pinto. Mas, como a Vivendi mantém a independência de suas unidades de negócio, essa ação cruzada dependerá não só do interesse da GVT em integrar o portfólio de outras empresas do grupo francês a suas ofertas. Elas também terão que demonstrar a mesma intenção, explica Pinto. “Estamos começando a conhecer a Vivendi e a conhecer as pessoas. Temos de fazer com que essas pessoas tenham interesse em trabalhar com a gente”, ressalta.

Para o executivo, a diversidade de produtos sob o guarda-chuva da Vivendi e a possibilidade de integração entre eles é um dos maiores ganhos que a compra pelo grupo francês trouxe para a GVT. O outro é o tamanho da Vivendi. “Fazer parte de um grupo com maior oferta de recursos dá a perspectiva de antecipar alguns planos, coisas que faríamos em 2011 ou 2012”.

Na avaliação de Gilham a marca GVT é forte e tem potencial para crescer e se posicionar como a Virgin, que nasceu como uma loja de discos na Inglaterra na década de 70 e hoje é um conglomerado de negócios que inclui operadora de telecomunicações, gravadora de discos, hotéis, entretenimento, rádio, aviação entre outras, com atuação na Ásia, Europa, América do Norte e Austrália. A expansão para outros países da América Latina também é uma possibilidade discutida pelo grupo francês, mas ainda não se sabe se isso ocorreria por meio de aquisições feitas pela própria Vivendi ou pela GVT.

A íntegra desta reportagem foi publicada na edição 522 de Computerworld.

Artigos relacionados

Tags

Compartilhe

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *